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Maior alívio do que ouvir o mensageiro dizer que fui inocentada ao ler a carta do Comandante Erwin alguns dias após a chegada de Hitch e Marlo, é saber que os dois estariam longe em algumas horas e que não seguiriam todos os meus passos como têm f...

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Maior alívio do que ouvir o mensageiro dizer que fui inocentada ao ler a carta do Comandante Erwin alguns dias após a chegada de Hitch e Marlo, é saber que os dois estariam longe em algumas horas e que não seguiriam todos os meus passos como têm feito. Um é mais desagradável que o outro, deixando claro seu descontentamento com o Reconhecimento e um com o outro, discutindo a quase todo instante. O soldado da Guarnição diante de nós guarda a mensagem escrita para si e olha o pequeno grupo de pessoas reunido ao seu redor.

— Fui enviado antes mas tive imprevistos no caminho, então o Comandante deve chegar em breve aqui. — Ele acena com a cabeça brevemente para o oficial de pé ao meu lado. — Preciso voltar para Trost.

O homem sai em silêncio e os oficiais e veteranos se dispersam assim como outros cadetes, rindo e comemorando entre si. Uma onda de alívio faz com que todos os meus músculos pareçam relaxar ao mesmo tempo, como que se finalmente pudesse descansar após um dia muito longo. Não suportava mais saber que boa parte das acusações que caíram sobre os ombros de Erwin eram por minha causa, no fim das contas, devo ao Comandante um pedido de desculpas.

— Como se sente? — Armin pergunta com um sorriso terno no rosto.

— Tão aliviada. — Sorrio de volta para o garoto. — Não aguentava mais Hitch. Tão arrogante... Me lembra um companheiro antigo.

Armin balança a cabeça em concordância enquanto caminhamos na direção do pátio grande em frente aos estábulos, sendo acolhidos pelo sol morno da manhã, assim como a brisa suave que sopra em nós.

— É difícil pensar que vocês tinham amigos e se entrosavam como nós. — Armin suspira, apoiando os cotovelos em uma mureta de pedra e inclinando o corpo para trás. — Não é simples pensar que há inocentes do outro lado.

Solto um riso anasalado e dou de ombros, cruzando os braços na frente do corpo. Por mais que os últimos dias fossem ruins, usar roupas normais para variar era bom. O vestido claro cai até as minhas canelas e o tecido leve faz com que eu me sinta flutuar, comparado ao peso habitual do equipamento de locomoção.

— Nós não éramos muito amigos na unidade de guerreiros. Estávamos sempre competindo uns com os outros. — Solto um suspiro pesado ao me lembrar das brigas constantes. — Mas há pessoas boas daquele lado também. Nunca existe um lado totalmente certo em uma guerra, Armin. Os eldianos do passado fizeram por merecer o apelido de demônios que carregamos hoje.

— Você tem razão, em partes. — O loiro suspira. — Mas não podemos deixar que passem por cima de nós dessa forma. Acredito que há uma solução para tudo isso, ainda podemos ter a nossa liberdade sem precisarmos nos igualar a eles.

Não posso deixar de sorrir ao ouvir as palavras de Armin, ditas em seu tom calmo de sempre. Ele parece realmente acreditar nisso e é inevitável não enxergar a ingenuidade no garoto, que acredita que uma guerra como a de nosso mundo possa ser resolvida com acordos e diplomacia. Não, Armin pode ter vivido os horrores da vida dentro das muralhas, mas estar alheio ao mundo lá fora... Eu teria dado qualquer coisa por isso, mesmo que significasse viver a minha vida como um pássaro engaiolado. Me pergunto por um instante se a minha própria segurança valeria de fato tanto quanto a minha liberdade.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora