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Reiner Braun

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Reiner Braun

Minhas entranhas se reviram dentro do meu corpo e não me lembro há quanto tempo estou parado, olhado para as minhas mãos trêmulas, manchadas do sangue que não sai mesmo após eu esfregar a minha pele com força repetidas vezes sobre a pia branca. Respiro fundo tentando me recompor, erguendo a cabeça para encarar meu reflexo, sabendo que minha aparência não está das melhores. O último vislumbre que tive de Mike, tão fraco que ao menos sustentava o peso do próprio corpo sobre a perna trêmula.

Havia sido difícil, mas depois de duas semanas o torturando sem conseguir extrair nada do prisioneiro, o interrogador havia decidido por si só que seria melhor apenas o deixar preso afinal não tardaria para que alguém viesse o resgatar. Entretanto, a ideia me dá calafrios em todo o corpo, a ideia de Emily de volta a este lugar... Não suportaria se a matassem e bastava apenas alguém a reconhecer para que isso acontecesse. Assim como minhas entranhas se reviram e minhas mãos soam frio quando penso em como irei a encarar novamente depois de tê-la deixado outra vez.

Sou trazido de volta aos meus pensamentos quando escuto batidas apressadas na porta do dormitório, balançando a cabeça e respirando fundo, atravessando o quarto a passos lentos enquanto as batidas não cessam. O cargo de Vice Comandante tem suas vantagens, mas vem com algum idiota trazendo problemas à porta de tempos em tempos. Entretanto, o relógio na parede clara marca mais de sete horas da noite, logo, não poderia ser algo relacionado a trabalho.

– Vá embora... – Me calo ao abrir a porta, encontrando Galliard do outro lado, irritado. – Porco?

– Poderia ter demorado mais? Eu estou com pressa. – Ele resmunga, entregando para mim um pedaço de papel. – Chegou uma mensagem para você, mandaram entregar.

Franzo o cenho, tomando o bilhete entre os dedos, estranhando uma mensagem simples como aquela estar lacrada com um selo simples de cera.

– Obrigado, eu acho. – Respondo devagar, recebendo um aceno breve do outro, que se adianta em passos apressados para o fim do corredor.

Balanço a cabeça enquanto fecho a porta, rompendo o lacre e sentindo meu estômago despencar ao reconhecer a caligrafia caprichosa da minha mãe, em uma única linha que parece ter sido escrita às pressas sobre o papel amarelado: Venha para casa hoje.

Deixo o pedaço de papel cair das minhas mãos enquanto vou até a cama do outro lado do cômodo, alcançando o casaco bege do uniforme e o jogando sobre os ombros, saindo quase que de imediato, minha cabeça girando milhares de vezes por segundo em todo tipo de pensamento acerca da mensagem que acabei de receber. A noite está fria e estranhamente silenciosa; atravesso o pátio do quartel em passos apressados, pensando no que poderia ter acontecido para que a minha mãe solicitasse a minha presença daquela forma.

Apenas consigo pensar em Zeke, se ele havia finalmente descoberto que Mike vinha à Liberio todos os meses para buscar informações comigo. Cerro os punhos dentro dos bolsos fundos, sabendo que as consequências das minhas ações podem ter finalmente chegado até ela.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora