Capítulo 31

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Théo

"Seja forte e corajoso, nunca desista e persista naquilo que almeja, não entregue nada de bandeja, lute se for preciso e saiba lidar com as diversidades do mundo". Essa foi a frase que o meu psicólogo usou nas sessões de terapias, eu não pensei que um dia usaria seus ensinamentos, na verdade naquela época a dor dentro de mim era maior que a minha própria existência, por isso não fazia sentido nenhum naquele tempo, mas hoje, hoje parece ser um lema, ao qual venho repetindo na mente desde o dia que encontrei com Emma novamente.

Os dias na França foram mais que perfeitos, finalmente estou com ela aos meus braços, além de me entregar perdidamente ao amor, onde cega as pessoas, porém, de longe me sentia cego, na verdade era como redescobrir algo que eu mesmo me privei de enxergar, então pra mim era o inverso do que muitos falam sobre o amor. Contudo nada era perfeito, havia uma única situação que me incomodava de forma retraída, me deixando alerta, meus músculos e tudo que fazia parte de mim recuava insistentemente, os dois pés atrás, olhos bem abertos, orelhas em pé e meus braços envolvendo meu doce anjo.

Ver a maneira que Francis desejava Emma, me levava a loucura ao ponto de escondê-la desesperadamente, pode ser um exagero, eu sei disso, mas havia uma intuição dentro de mim que não tirava da cabeça que aquele homem era lobo em pele de cordeiro. Na verdade tudo que presenciei ao lado de Angel só fortalecia essa percepção dentro de mim, os movimentos, o olhar, as maldosas palavras, qualquer coisa que vinha dele era mais um ponto na minha  completa noção de construção a uma pessoa.

Todavia nossos dias na França finalmente acabaram, Emma está longe desse sujeito e a cada dia sinto ela mais próxima a mim, não digo que foi ruim está em Paris, ao contrário, foi a melhor coisa que fiz na vida, pois naquela cidade mágica, aonde muitos dizem ser a cidade luz e do amor, consegui ganhar a maior esperança de todas. Minha vida, algo que adormecia severamente, despertar apenas com um cheiro adocicado, uma beldade, mulher em forma de anjo, Emma devolveu pra mim a minha própria consciência, o ar que eu respiro, o sentido, a própria vida.

Meus pais irão enlouquecer quando souberem, na verdade meu pai com certeza tinha convicção em algo, podia perceber seus olhares curiosos, não só na empresa, mas no dia do almoço, parecia que eles sabiam exatamente o que faziam, e eu não entendia, mas agora tudo faz sentido, encaixando perfeitamente, afinal, por qual motivo minha mãe entregaria a chave para nós dois de sua casa? Não havia precisão, mas eu era tão cego a ponto de não identificar o que os meus pais já tinham encontrado.

- Chegamos! - disse Emma levando embora os meus pensamentos.

- Chegamos, está tudo bem? - perguntei vendo que ela parecia nervosa.

As pessoas despertavam naquele avião, a porta ainda não estava aberta para que saíssemos, apenas pousamos.

- Eu só... - suspirou. - A realidade aqui será totalmente diferente, entende?

"Então era com isso que ela estava preocupada?" Me questionei mentalmente, observando a aflição dela, em hipótese nenhuma deixarei Emma ter dúvidas sobre nós, se isso não ficou claro em Paris, deixarei a partir de agora. Sorri beijando os seus lábios macios, me levantei, olhei ao redor e as pessoas já estavam agitadas, voltei minha atenção ao meu anjo e ela me encarava sem compreender.

Limpei a garganta para que minha voz saísse o mais alto possível, além de fazer com que todos entendam as minhas palavras, então disse:

- Bom dia pessoas, eu queria um pouco da atenção de vocês... - senti Emma me puxar para si me interrompendo.

- O que está fazendo? - sussurrou ela, enquanto todos nos encaravam.

- Vai já descobrir! - sorri.

Ao Acaso do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora