Capítulo 21

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Emma

A angustia arrebentava minha alma com tamanho tormento, o sofrimento me cobria dolorosamente, nenhuma mulher merecia ser alvo de homens monstruosos como Ferraz, um ser que eu tinha dúvidas se era realmente humano, porque a alma ele não possuía, não depois de tentar... As lágrimas derramavam juntamente com a água do chuveiro, coloquei uma mão sobre a parede para me apoiar, eu soluçava ao mesmo tempo que engolia aquela sensação tenebrosa em constante inquietação, minha alma estava marcada da forma mais medonha que eu podia imaginar.

Meus olhos fecharam por um segundo e naquele momento pude novamente sentir suas mãos em mim, a dor intensificou, eu queria gritar para extravasar essa culpa e todo o pavor de dentro do meu peito, mas eu estava mentalmente enfraquecida, um grande nó formou na garganta impendido de eu agir, era como sentir a mão de Ferraz tapando minha boca impossibilitando de falar qualquer coisa, um aperto no peito, uma falta de ar, não conseguia respirar, o ar estava escasso. Abri meu olhos e a visão turva me deixando sem enxergar, não entendia o que acontecia, apalpando com a mão na parede desliguei o chuveiro, um zumbido ocupava meus ouvidos, até eu ouvi aquela voz horripilante mais uma vez, então liguei novamente o chuveiro deixando que o barulho do mesmo pudesse afastar esses pensamentos que me maltratavam.

Não sei exatamente quantas horas fiquei no banheiro mentalizando o ocorrido, meus dedos já estavam engelhados, meu interior havia secado, não possuía mais lágrimas, ao menos era o que eu imaginava, saí do banheiro como um verdadeiro zumbi, olhei meu celular e as horas davam início a madrugada, peguei a roupa mais feia que eu encontrei no closet e vesti, era uma calça moletom e um blusão enorme, a vergonha de mostrar o meu corpo repousava dentro de mim, porque eu sabia que aquele maldito vestido foi o pivor para encorajá-lo.

Vi a foto de Bombom e não pensei duas vezes, eu precisava do meu amigo aqui, disquei seu número, logo ouvi o barulho da chamada, quando deu o segundo toque ele atendeu.

- Alô? - parecia que eu tinha o acordado, não consegui dizer absolutamente nada, somente as lágrimas que achei ter acabado voltar. - Caramelo é você? - eu ainda não dizia nada e o soluço veio. - Emma, está me deixando preocupado! - nesse momento eu respirei bem fundo.

- Ele tentou... suas mãos, aquele toque horrível, ele tentou abusar de mim Bombom, por favor, eu preciso de você aqui! - nem sei de onde achei forças para falar a ele.

- O QUÊ?? - gritou. - Quem fez isso com você?? Quem foi o canalha?? Emma, onde você está?? - ele fez tantas perguntas que eu só ouvi a última.

- Estou em casa! - falei.

- Eu irei matá-lo. - desligou o telefonema.

Théo começou a gritar do lado de fora do quarto e um aperto maior me atingiu, pelo motivo de não querer que o mesmo me visse nesse estado, fraca, vulnerável, porque ele também era um homem que representava o proibido, por mais que eu sentisse algo por Théo não era certo, coisa que não me agradava nem um pouco deixar ele ficar comigo, além de não me sentir segura nessa situação, ou seja, não me sentia melhor com ele no meu apartamento, mesmo que o seu abraço seja o meu tudo.

- Emma? - ele chamou mais uma vez, mas eu não queria que ele me encontrasse nesse estado, porém, Théo era um homem insistente, o mesmo não desistiu e novamente falou. - Emma, abra a porta, por favor! Sou eu agora que te peço.

Aquelas palavras me atingiram, eram como súplica, seu tom de voz demonstrava preocupação, não resisti como uma força me encorajando a abrir aquela porta. Assim eu fiz, sem pensar eu o abracei e as lágrimas se intensificaram, eu disse que tinha medo de tê-lo ao meu lado antes, mas sentido seu calor, aqueles braços em volta do meu pequeno corpo, seu cheiro em minhas narinas só me dava uma sensação, que aquele lugar era o mais seguro que eu podia encontrar, estava protegida eu sabia.

Ao Acaso do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora