Rafe

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Barry e Topper chegaram cerca de 30 minutos depois. Os dois estacionaram as motocicletas no quintal e abriram a porta da casa, conversando alto sobre algo que havia acontecido na festa da fogueira enquanto caminhavam pela sala. Rafe estava encostado na parede perto do sofá, os braços cruzados enquanto encarava o chão. Os meninos cessaram a conversa no minuto em que perceberam a presença do amigo ali.

Barry caminhou abriu a porta do quarto de Summer sem dizer nada, olhando para a garota que dormia tranquilamente na cama por poucos segundos antes de fechar a porta.

— E então, como ela tá? — perguntou Topper, sentando-se no sofá.

Apesar da péssima iluminação da sala, Rafe percebeu que o amigo estava coberto de areia e que parte da sua camisa estava molhada. Tinha um ferimento no seu nariz e uma marca de sangue descia até a sua boca.

— Ela tá dormindo. — respondeu Rafe, se aproximando e se sentando ao lado dele. — O que aconteceu? Eu perdi vocês de vista e tive de caminhar até aqui.

— Uns caras tentaram discutir com Barry, você sabe, eles queriam comprar coca. — respondeu Topper, balançando a cabeça. — Quando eu vi, já tinham dois caras em cima de mim, me batendo.

Rafe riu da expressão de indignação e confusão que Topper fez ao falar isso. Geralmente os dois kooks se metiam em todo o tipo de briga quando saíam juntos para algum lugar, fosse para jogar golfe ou para beber. Rafe já perdera as contas de quantas vezes ele tivera de lavar o próprio rosto sujo de sangue na água salgada da praia, apagando qualquer prova de que ele havia se metido em briga antes de chegar em casa. Nem sempre funcionava. Wheeze, a irmã mais nova de Rafe e Sarah, sempre percebia os ferimentos nos nós dos dedos do irmão todas as manhãs seguintes, perguntando quem ele tinha nocauteado daquela vez.

O que Rafe não imaginava era um dia ver Topper se envolvendo em uma briga por Barry, e a ideia de que isso realmente havia acontecido soava engraçada.

Um carro parou do lado de fora da casa, os faróis iluminando a casa pelo vidro da janela. Rafe e Topper levantaram do sofá com um pulo, olhando um para o outro sem entender o que estava acontecendo. Já se passavam das 2h da madrugada, não fazia sentido alguém estar ali àquele horário. Barry caminhou até a janela para tentar reconhecer quem estava no carro, escondendo a sua arma no seu quadril.

Topper pareceu surpreso. Ele sabia que Barry possuía armas em casa, mas nunca tinha visto o garoto segurar uma estando tão perto dele. Em outra mão Rafe estava mais do que acostumado, Barry o ensinou a atirar nas primeiras vezes em que os dois amigos saíram, e costumavam empilhar latas de feijão no quintal da casa para apostar tiro ao alvo. Na maioria das vezes os dois estavam bêbados.

— Aí, country club, acho melhor você ver isso. — disse Barry, ainda olhando para fora da janela.

Rafe não precisou olhar quem era a pessoa no carro lá fora. Ward Cameron gritava pelo nome do filho pelo quintal, batendo a porta do carro e se aproximando da porta. Não podia ser.

Sem responder, Rafe abriu a porta violentamente e caminhou em direção ao pai, mantendo poucos metros de distância entre os dois. O homem vestia uma camiseta xadrez e uma calça jeans escura, gotas de suor escorriam pela sua testa, e seus olhos estavam inchados e baixos. Parecia que ele não dormia há dias.

Ward parou subitamente ao ver o filho. Rafe não conseguia acreditar que o pai dele estava ali, não depois da briga que os dois tiveram. O garoto ainda podia sentir as suas costelas doloridas e os pequenos ferimentos nos dedos que o pai havia causado. Apesar da dor, parte de Rafe se sentia aliviado, ele desejava a aprovação de seu pai desde que era apenas uma criança, sempre fazendo de tudo para agradá-lo na tentativa de receber o reconhecimento e amor do pai.

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