Summer

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Carolina do Norte, 2009.

Era um dia particularmente quente na pequena cidade de Sorni na Carolina do Norte. As garças sobrevoavam o pântano, cantando uma canção que somente elas entendiam. O sol começava a se pôr, e os raios amarelos agora tornavam-se laranjas, colorindo o céu da pequena cidade praiana em tons de lilás e azul.

Alguns pescadores conversavam ao longe, carregando as suas redes vazias e molhadas enquanto reclamavam sobre a quantidade de peixe que haviam pescado no dia. Era julho, época de escassez na costa devido à imigração de peixes para a costa de outras praias.

Summer continuava sentada sobre a grama do quintal da pequena cabana no pântano, observando os pequenos pássaros que pousavam sobre os galhos das árvores acima de sua cabeça. Ela voltou o seu olhar para o desenho de um barco que ela fazia em um caderno velho que pegara do escritório do pai mais cedo naquele dia. Ela não conseguia decidir se pintaria o barco de rosa ou lilás.

— Esse barco é feio — disse Barry, ficando de pé atrás da irmã.

Barry usava um macacão jeans com uma estampa de dinossauro no centro. Os seus longos cabelos castanhos caíam sobre os seus ombros e algumas mechas voavam com a brisa fria vinda do mar. Ele carregava nas mãos uma motocicleta de brinquedo vermelha, que exibia detalhes pretos e dourados que brilhavam à luz do sol.

— É o barco do papai — disse Summer, voltando o seu olhar para o desenho — Eu queria pintar ele de rosa, mas também queria pintar de lilás.

Barry inclinava a cabeça levemente para os lados, como se estivesse tentando entender o desenho.

— Qual a cor você acha que ficaria melhor? — perguntou Summer, erguendo os gizes de cera coloridos nas mãos.

— As duas. — disse Barry, balançando a cabeça — Você deveria desenhar um oceano embaixo. Como ele vai navegar se não tem maré?

Summer olhou para o desenho novamente, pegando o giz de cera azul e desenhando pequenas onda embaixo do barco. Ela ergueu o desenho nas mãos, mostrando-o para o irmão.

— Assim? — perguntou Summer.

— Aham. — respondeu Barry, como se ele fosse um crítico de arte — Agora coloca o seu nome.

Summer franziu as sobrancelhas, tentando lembrar-se como se soletrava o próprio nome. Ela aprendera a soletrar o seu nome e o do irmão há algumas semanas na escola do condado, mas ainda era difícil para o seu pequeno cérebro memorizar.

— Eu não sei escrever — disse Summer, com uma voz melancólica — Só você sabe. E a mamãe.

Barry suspirou, sentando-se na grama ao lado da irmã e agarrando as pequenas mãos da garota de forma gentil.

— Tá bom, se escreve assim — disse Barry, guiando as mãos da irmã — S-U-M-M-E-R. Summer. Agora tenta sozinha.

Summer balançou a cabeça, escrevendo algumas letras inteligíveis sobre o papel e desenhando um pequeno rostinho feliz ao lado do seu nome. Ela sorriu, orgulhosa de si mesma e feliz por ter Barry ali para ensiná-la a escrever.

— Summer! — gritou Andrea, a mãe dos garotos — Summer!

— Oh-oh — disse Barry, lançando uma careta na direção da irmã — Você tá com problema.

Summer levantou-se com um pulo, limpando a terra de suas mãos no vestido amarelo com estampa de girassóis que ela usava. Ela agarrou o diário nas mãos, pegando os gizes de cera coloridos em sua mãozinha livre e correndo até a sua mãe.

Andrea estava de pé em frente ao escritório do pai de Summer, William, as suas duas mãos repousadas sobre a sua cintura em uma gesto de indignação. Summer reconhecia o olhar estampado no rosto da mãe, o mesmo olhar que a mulher lançava para os garotos quando os dois estavam prestes a receber uma bronca.

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