Summer

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— Tá legal, minha vez. — disse JJ, colocando-se de pé em um pulo — Vamos ver.

O garoto esfregava o queixo com as mãos enquanto tentava pensar em algum animal para imitar. Kiara ajeitou a postura, deixando a coluna ereta e colocando as duas mãos sobre os joelho. Summer não pôde deixar de notar o sorriso que a amiga exibiu ao olhar para o garoto.

Summer e Sarah entreolharam-se. A loira parecia ter percebido a mesma coisa. Tudo bem, talvez algumas coisas tenham acontecido durante o tempo em que Summer estivera longe dos pogues. Ela girou a cabeça para os lados, respirando a doce brisa fresca que soprava do mar ao longe. Seus olhos capitavam cada detalhe do gueto com um ar aventureiro, como se aquela fosse a primeira vez em que ela estivera ali.

Sua atenção se voltou para as mãos quentes de Rafe, que repousavam no interior de uma de suas coxas enquanto ele franzia as sobrancelhas em direção ao garoto loiro que sacudia os braços para cima e para baixo.

— Um ganso? — Topper jogou a cabeça para o lado, como se tentasse decifrar um quebra cabeças na sua frente.

— Uma arara! — Sarah estralou os dedos, excitação da possibilidade de ter acertado brilhando em seus olhos.

JJ continuou a fazer alguns movimentos, colocando as mãos nos quadris e batendo os ombros. Seus pescoço movia-se para a frente e para trás, e o garoto andava em círculos com os pés saltitantes e os joelhos semi flexionados.

— Um ganso com a pata quebrada! — Topper gritou, quase levantando-se em um pulo da pedra em que sentava ao redor da fogueira.

John B. e Pope soltaram algumas risadinhas entredentes, batendo nos ombros com mais força à medida que JJ soltava grasnados desafinados entre os dentes.

— Uma galinha! — gritou Kiara, que apesar da voz, exibia um ar de incerteza no olhar, como se não estivesse suficientemente confiante da própria resposta.

— Isso! — JJ gritou com um sorriso, erguendo as mãos e aplaudindo Kie — Ponto pra Kie.

Kie sorriu vitoriosa quando todos aplaudiram, apesar da indignação de Topper em ter perdido a partida. As risadas cessaram quando uma figura surgiu diante da fogueira, caminhando à passos lentos para o centro do círculo onde os pogues se reuniam.

Os garotos arregalaram os olhos ao perceber que se tratava de Barry, que permanecera calado desde o momento em que os pogues haviam chegado ao Castelo. Summer havia deduzido que ele devia estar bêbado demais para se envolver em qualquer conversa, ou só não estava interessado. Na maioria das vezes, a segunda opção sempre estava certa.

— O que você tá fazendo? — perguntou Summer.

Barry sacudiu os ombros, girando os pescoço rapidamente como se estivesse se alongando.

— Vou imitar um animal. — Barry encarou o chão antes de fechar os olhos, concentrando-se.

Os pogues se entreolharam em silêncio, os lábios de cada um formando um sorriso sutil enquanto esperavam Barry terminar sua meditação. Alguns minutos se passaram, e então o garoto curvou-se de uma vez, erguendo dois dedos na testa e abrindo a boca para berrar um grande "ôôôh".

Rafe soltou uma risada tão alta que Summer podia jurar que todo o gueto seria capaz de ouvi-lo. Ela virou-se para encarar o namorado, percebendo que suas bochechas começavam a corar, ao passo que pequenas lágrimas salgadas formavam-se no canto dos seus olhos.

Uma chama acendeu-se no peito da garota ao assistir a cena. Era a primeira vez que Rafe gargalhava de forma genuína desde a tragédia na casa de Limbrey.

Limbrey.

Summer engoliu em seco, sentindo o gosto de bile subir à sua garganta ao relembrar os acontecimentos daquele dia. Graças a companhia dos garotos e uma boa quantidade de álcool que ela vinha ingerindo nas últimas semanas, as lembranças daquele dia infernal haviam se transformado em névoa, como uma memória distante de algo que havia acontecido há muito tempo.

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