Outer Banks, 1996

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Os verões em Outer Banks eram famosos por serem os mais quentes em todo o estado da Carolina do Norte. Mesmo nas noites de inverno, quando se esperava pelo frio, a brisa gelada não competia com o clima quente que emanava dos céus.

As árvores farfalhavam no escuro da noite que caía pela ilha, apenas algumas folhas ainda iluminadas em tons de laranja pelas luzes acesas da casa. William Castillo, o garoto kook mais conhecido da ilha, caminhava entre os arbustos como um gatuno, curvando-se quase à altura do chão na tentativa de não ser pego.

Lucas Heyward, o garoto pogue e filho do velho Heyward o seguia logo atrás, segurando uma pequena lanterna entre as mãos. John Routledge soltava pequenos grunhidos de descontentamento ao sentir os mosquitos picar a sua pele, e vez ou outra, escutava-se o barulho de tapas que o rapaz desferia contra a própria pele na tentativa de se livrar dos pernilongos.

— Ei! — John exclamou — Você pisou no meu calcanhar!

— Se você andasse um pouco mais rápido, eu não pisaria em você! — exclamou Ward Cameron, o garoto pogue que, assim como Lucas, passava boa parte do seu tempo vendendo mariscos no mercado central do gueto.

— Shh! — exclamou William — As princesas vão parar de brigar?

John e Ward se entreolharam em silêncio.

— Cadê o Luke? — perguntou William, dando-se conta de que o amigo não estava atrás deles.

Todos viraram-se para o fim da fila, procurando pelo garoto loiro delinquente em meio à escuridão. Luke Maybank era, de longe, o amigo mais problemático entre todos. Conhecido por todos no gueto, o garoto loiro era famoso por sempre estar envolvido em problemas, pelas suas ações impulsivas e pelo seu histórico nada favorável com a polícia.

— Estou bem aqui. — disse Luke, escondido em uma das moitas do jardim.

— Jesus! Luke! — exclamou William — O que é que você estava fazendo?

— Eu tinha que mijar. — respondeu Luke, ajeitando os cabelos loiros — O quê? Chateado porquê não convidei você?

— Sai da frente. — disse William, dando um tapa no braço de Luke.

— Aí! — exclamou o garoto loiro — Essa doeu, Castillo.

— Shh! — todos os garotos chiaram em direção à Luke, como quem pedisse para o garoto calar a boca.

Os garotos caminharam mais um pouco entre os arbustos, escondendo-se atrás de uma moita que havia sido podada em um formato de retângulo.

— E agora? — perguntou Lucas Heyward.

— Lá, as luzes já vão se apagar. — disse William, observando as luzes do térreo da grande mansão.

As luzes se apagaram cerca de 15 minutos depois, seguido das luzes do segundo andar. Por alguns instantes, todos ficaram em silêncio, esperando. E então, a janela de um quartos com vista para o jardim se abriu.

Uma garota de vestido claro descia pelas treliças azuis que enfeitava as paredes da casa. Em silêncio, suas mãos agarravam as treliças, e os seus pés pousavam cuidadosamente sobre or ornamentos da parede.

Não demorou muito para que a garota pulasse em direção ao chão, caindo de pé e esfregando as duas mãos para limpar a poeira das treliças que estavam grudadas em sua pele.

— Psiu! — William chamou pela garota — Aqui!

A garota procurou pelo barulho, correndo em direção à William em meio à escuridão do jardim. Seus cabelos castanhos caíam sobre seus ombros e voavam ao vento, assim como a saia de seu vestido branco florido.

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