Summer

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O cheiro das ervas de flores brancas impregnava a pequena cozinha de aspecto sujo e abandonado. O bule chiava sobre o fogão, a fumaça saindo pela sua extremidade e dançando junto à luz do sol. A pequena mesa na cozinha estava quebradiça; as hastes de madeira pareciam ter sido corroídas por cupins ao longo do tempo; a toalha de renda branca possuía mancha escuras, provavelmente de café ou chá; havia decoração de corujas de diferentes tamanhos espalhadas por cima da bancada de pedra em frente à janela, que proporcionava uma vista parcial do quintal.

Os abajures de vidro que pendiam sob o teto balançavam com a brisa que adentrava a janela, produzindo um som suave de tilintar. Summer sentava-se de forma recatada em uma das cadeiras, sentindo que o nervosismo a impedia de respirar como ela gostaria. Barry estava encostado na porta, os seus braços cruzados em frente ao peito como se estivesse protegendo a si próprio. Topper e JJ sentavam-se ao lado de Summer, ocasionalmente trocando olhares apreensivos.

A senhora Crain não dissera uma palavra desde que o grupo de garotos desconhecidos havia decidido segui-la até a cozinha. Ela continuava de costas, sua atenção voltada totalmente ao trabalho de colocar o chá dentro de xícaras de porcelana de diferentes cores.

Talvez fosse o fato de ver a senhora Crain realizar uma tarefa tão inofensiva e rotineira, mas naquele momento ela não parecia como a pessoa das histórias horríveis sobre a mansão. Ela parecia solitária, quase melancólica. E havia sentido nisso.

Sem uma palavra, ou um sorriso, a senhora Crain colocou as xícaras sobre a mesa, tomando para si uma cadeira de balanço ao lado da pia. O cheiro de chá subia pela narinas de Summer, e ela sentia sua cabeça girar e seu estômago revirar. A última vez em que ela havia sido servida com aquela bebida fora na casa de Limbrey, momentos antes de tudo acontecer.

— Isso vai lhe fazer bem, garota. — disse a mulher, fitando Summer como se pudesse ler sua mente — Vai te deixar forte.

Summer olhou para a caneca de chá novamente, decidindo ignorar sua existência. Em um movimento suave, ela virou o corpo para a direção em que a mulher sentava.

— Eu estou bem, obrigada. — sua voz era suave, apesar de nervosa — Quero que me explique porquê disse aquilo naquela noite.

A senhora Crain deu um longo suspiro. Seus lábios retorceram-se ao sentir o chá fumegante tocar a sua língua, e por alguns minutos, ela apenas encarou a xícara em silêncio.

— É o destino inevitável de quem tenta tomar o tesouro para si. — disse a mulher, a voz tão lenta que chegava a ser irritante — A ganância é algo perigoso, até mesmo para os homens mais corajosos.

— Mas, porquê? — perguntou a garota, inquieta.

A mulher deu de ombros.

— Deus sabe. Mas sempre foi assim. — a mulher virou o rosto para encarar os garotos que a olhavam com apreensão — Acham mesmo que foram os primeiros a tentar?

Summer franziu o cenho. De acordo com tudo o que garotos haviam descoberto, ninguém jamais havia conseguido descobrir o verdadeiro paradeiro do tesouro.

— O seu pai já andou por essas mesmas terras bem antes de você nascer. — a senhora Crain voltou seu olhar ao chá em suas mãos.

Summer sentiu o coração errar uma batida. O seu rosto se enrijeceu em surpresa por ouvir a simples menção do pai que ela jamais tivera a oportunidade de conhecer. Barry descruzou os braços lentamente, inclinando o corpo levemente para a frente em direção à mulher.

A expressão do garoto era de pura surpresa, e o seu cenho franzido demonstrava que ele estava na defensiva.

— O quê? — foi a única coisa que Summer conseguiu dizer.

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