Rafe

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— Porque vocês dois estão molhados? — perguntou Topper, olhando confuso para os dois jovens ensopados ali na sua frente.

— A Summer escorregou, e eu pulei na água pra ajudar ela, sabe? Pra ela não se afogar. — respondeu Rafe, tentando parecer o mais convincente possível.

Não era totalmente mentira, a garota havia de fato escorregado para dentro da água por um acidente. Rafe só não especificou que o acidente aconteceu quando ele tentava colocá-la em seu colo.

Topper não pareceu se convencer com a pequena mentira do amigo, mas não disse nada, e apenas balançou a cabeça indicando que havia entendido. O quintal de Barry estava iluminado com a fogueira que crepitava no chão, no mesmo lugar da última vez. Topper apontou para as cadeiras de pano que estavam abertas ao redor da fogueira, convidando os dois a se sentarem para se aquecerem com o calor das chamas.

— Na verdade, eu vou tomar um banho e colocar algumas roupas secas. — disse Summer, dando um sorriso sugestivo para Rafe.

Rafe retribuiu o sorriso e observou até que a garota sumisse pela porta. Ele se sentou ao lado de Topper e ergueu as mãos para mais perto das chamas, esfregando as palmas das mãos umas nas outras e sentindo o calor da fogueira aquecer a sua pele. Pouco a pouco o frio foi passando, ele se sentia melhor, apesar das roupas úmidas que ainda grudavam no seu corpo.

— Que sorrisinho foi esse? — perguntou Topper num sussurro, chegando mais perto do amigo.

— Que sorriso? — perguntou Rafe, tentando parecer indiferente.

— Esse sorrisinho que ela deu quando disse que ia tomar banho. — continuou Topper — O que foi isso?

— Ela não sorriu... — mentiu Rafe, começando a sentir o desespero crescer dentro dele.

— Ela definitivamente sorriu... — Topper insistiu, percebendo a tentativa do amigo de acabar com a conversa.

Rafe não respondeu nada, apenas ficou em silêncio e rezou para que o amigo subitamente esquecesse o que quer que ele tivesse visto. Alguns minutos se passaram antes que Topper arqueasse as sobrancelhas e fizesse uma expressão de choque.

— Vocês dois estão se pegando. — disse ele baixinho, uma mistura de choque e felicidade no rosto — Ai, meu Deus. O Barry vai matar você.

— Tá bom. Tá bom. — disse Rafe, num sussurro desesperado — Nos beijamos, tá bom? Mas foi só isso.

Topper parecia extasiado. Ele ergueu as mãos no ar e soltou alguns barulhos em comemoração. Rafe tentava fazer com que o amigo ficasse quieto, mas não conseguia conter a própria ansiedade. O pequeno momento de diversão foi interrompido pelo barulho de uma porta abrindo, fazendo com que os dois garotos virassem a cabeça de uma vez para observar Barry saindo da casa.

— Seja lá o que você tenha pra falar, é melhor falar rápido. — Barry se sentou na cadeira vazia ao lado dos dois, cruzando as pernas e mastigando um palito de dente.

Mais cedo naquela noite, Rafe havia mandado uma mensagem de texto para o amigo dizendo que os dois precisavam conversar. Barry sabia que só existiam dois motivos para o garoto mandar uma mensagem daquele tipo: ou ele precisava de mais cocaína, ou ele estava prestes a se meter em encrenca e precisava de ajuda.

Rafe olhou atentamente para a casa, procurando pelo menor sinal que pudesse indicar que Summer estivesse por perto. Ele estava quebrando a regra que Ward lhe dera sobre não andar mais com os pogues, mas ele não poderia deixar a garota se envolver no seu projeto com o pai. Ele não podia deixá-la correr tanto risco assim.

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