Rafe

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Rafe andava pela casa à passos rápidos, olhando atentamente à sua volta à procura de qualquer pessoa que pudesse olhá-lo. Os empregados andavam de um lado para o outro, concentrados no seu trabalho enquanto organizavam a mesa para o café da manhã, que seria servido em poucas horas.

Rafe conseguia ouvir o barulho de pão sendo assado vindo da cozinha, assim como os gritos dos chefes de cozinha e o tilintar dos talheres sendo organizados. Nenhum dos empregados da cozinha realmente prestavam atenção em Rafe, ou em ninguém da família Cameron. Então ele estava seguro.

Ele atravessou o quintal, sentindo o orvalho do gramado molhar os seus pés enquanto ele caminhava rapidamente até o depósito do outro lado do jardim. Diferente dos outros depósitos comuns, o depósito de ferramentas de Ward era limpo como a sua própria casa. Não havia poeira, mofo ou qualquer outro tipo de sujeira que não fosse graxa ou óleo. Ele retirou uma pequena lanterna dos bolsos, iluminando o ambiente escuro com um pequeno feixe de luz azul e passando os olhos pelas prateleiras bem organizadas à procura dos equipamentos que Pope pedira.

Não foi difícil encontrar, aliás, Ward estava sempre preparado com qualquer tipo de equipamento possível, fosse para construção, escavação ou mergulho. Ele ergueu nas mãos uma enorme lona de plástico velha que estava jogada ao pés de uma mesa, e em poucos minutos, ele havia embrulhado todos os equipamentos que ele e os garotos usariam mais tarde: pás, lanternas, roupas de proteção e cordas.

Ele sentia os músculos dos seus braços arderem diante do esforço que era necessário para carregar a lona até uma parte mais escondida do depósito. Se tudo ocorresse como o planejado, ele colocaria o embrulho na parte traseira da caminhonete e levaria até a Igreja.

A sua respiração ainda estava ofegante quando ele ergueu da mesa um pequeno objeto parcialmente enferrujado, passando os dedos pela tela de vidro e olhando-o mais de perto. A bússola que Pope pedira. Ele rapidamente colocou o objeto no bolso, juntamente da lanterna, caminhando até a porta do depósito e observando pelas pequenas frestas se alguém estava no quintal.

Os seus olhos logo analisaram as janelas da mansão que se erguiam à sua frente, certificando-se de que ninguém havia acordado e não olhava para o jardim. Rafe adentrou o jardim novamente, caminhando tão depressa em direção à casa que era possível ouvir o barulho dos seus passos amassando o gramado. Ele suspirou profundamente, sentindo a brisa fresca da manhã entrar pelo seu nariz uma última vez antes de atravessar as enormes portas de vidro.

...

— Rafe! — a voz de Ward ecoou pela sala — Acordou cedo!

Rafe levantou o olhar, olhando para o pai dos pés à cabeça. Ward vestia o seu pijama escuro usual, cobrindo os ombros e os braços com um longo robe de seda azul marinho. Ele caminhava de forma lenta em direção ao filho. Rafe continuava olhando para o pai quando o homem tomou a cadeira à sua frente na mesa do café da manhã, que agora estava repleta de comida.

Ainda era particularmente cedo, o sol aparecera no horizonte há apenas poucos minutos, então Rafe não esperava que Rose e Wheezie se juntassem aos dois tão cedo.

— É, eu não consegui dormir muito bem — respondeu Rafe, ajeitando a postura na cadeira.

Não era mentira. Ele havia passado horas no escritório de Ward na noite passada, escutando atentamente todos os detalhes dos planos que a Sra. Limbrey e o pai haviam traçado em silêncio. Mesmo com toda a discussão, os olhos de Carla não paravam de encarar Rafe por um segundo sequer, como se a mulher soubesse dos planos do garoto de roubar o tesouro de Ward. Os olhos azuis da Sra. Limbrey o encarando eram as únicas coisas que ele conseguia ver quando fechava os olhos e tentava dormir.

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