Summer

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— Vai me dizer onde vamos ou o que vamos fazer, exatamente? — perguntou JJ, desviando o olhar para Summer.

Summer sabia que JJ surtaria com o simples fato de mencionar a mansão dos Crain, e por isso, ela iria esperar até que a primeira parte do plano estivesse resolvida.

— Preciso ir até a minha casa. — respondeu Summer — Barry com certeza está preocupado comigo. E eu preciso pegar algo lá.

— E o que é esse "algo"? — perguntou JJ, olhando para a estrada novamente.

JJ dirigia à uma velocidade relativamente segura, já que não havia mais ninguém naquela rodovia a não ser eles dois. Parecia uma tarde tranquila, e Summer esperava que continuasse assim.

— Só dirige. — respondeu Summer, escondendo o máximo de detalhes de plano que ela conseguia.

JJ apenas deu de ombros e continuou dirigindo, focado na estrada à sua frente. Summer agradeceu baixinho pela compreensão do amigo, e pensando melhor naquele momento, ela se sentia melhor por ter ele ali ao lado dela.

A garota encostou a cabeça no banco do passageiro, fechando os olhos e repassando tudo o que ela havia planejado.

As memórias da mansão Crain não paravam de martelar em sua mente, e as palavras da velha Crain ainda lhe causavam calafrios. "Você será a responsável pela morte de Rafe Cameron."

Talvez fosse apenas uma imaginação, uma forma desesperada de salvar a vida de Rafe confiando na profecia de uma mulher que vivia sozinha em uma mansão no meio do nada em Outer Banks. Ou talvez, não.

Summer não havia percebido o quão exausta estava até sentir os dedos de JJ cutucando o seu ombro, fazendo com que a garota despertasse de um sono profundo do qual ela sequer lembrava de ter acontecido.

— Chegamos. — disse JJ, desligando o carro — Quer que eu...

— Pode ficar no carro. — respondeu Summer antes que JJ completasse a frase.

A garota abriu a porta do passageiro com violência, lutando para desprender a barra do vestido que havia ficado presa entre os espaços vazios do banco. Summer puxou o vestido com força, sem se importar com o enorme rasgo que aquela ação havia deixado no tecido macio. Ela não se importava nenhum pouco com aquele vestido, e pra falar a verdade, ela pretendia queimá-lo assim que tivesse a oportunidade.

Ela caminhou até a porta da pequena casa no meio do pântano, sentindo um aperto no coração ao perceber que o lugar parecia abandonado. A motocicleta de Barry estava jogada na lama entre a grama que crescia na terra molhada; as cadeiras de madeira onde os dois costumava se sentar para apreciar a fogueira estavam jogadas ao chão; garrafas de vodka e cerveja decoravam a varanda mal pintada da casa, e algumas delas estavam quebradas.

Summer olhou para as janelas, sentindo uma onda de raiva invadir o seu peito ao ver o vidro estilhaçado e os buracos das balas que haviam perfurado as paredes de madeira.

Ela abriu a porta como uma tempestade, chamando pelo o irmão como se o mundo estivesse prestes a acabar, apenas para encontrá-lo deitado no chão da sala com várias garrafas de bebida jogadas do seu lado.

— Barry. — a voz de Summer agora era um sussurro.

Barry dormia um sono profundo de alguém que havia bebido a noite inteira, e Summer não teria se preocupado se ela não soubesse que aquela a forma como o irmão mais velho lidava com o próprio desespero às vezes. Ela não conseguia imaginar como devia ter sido para ele ver a própria irmã ser levada de dentro da sua casa, incapaz de poder fazer qualquer coisa para protegê-la.

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