Capítulo 7

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Raoni

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Raoni

Estava quase acabando Robin Hood. Ok, quase é exagero. Estava na metade.

Isaac não me respondia.

Mandei mensagem, mas ele nem visualizou. Não vou mentir, isso me desanimou um pouco a continuar a leitura. Tentei me consolar com o pensamento de que havia chegado o dia de devolver o livro e eu o reencontraria na biblioteca já que ele trabalhava lá. Claro, não acabei o livro a tempo, mas, bom...

Prendi as tranças do cabelo e verifiquei a hora. Dava tempo de passar lá antes do trabalho. Ok, eu podia passar depois, mas... Ansiedade é o mau do século, não é mesmo? E também, poderia aproveitar para pegar a carteirinha oficial da biblioteca.

O único lugar livre no ônibus era um reservado.

Me lembrei de não dormir dessa vez.

Coloquei música alta no fone, me obriguei a ficar atento a cada parada para ver quem embarcava, pro caso de ter de me levantar. Fiquei me beliscando para me manter acordado.

Uma garota entrou, devia ter uns treze ou quatorze anos, não tinha uma parte de uma das pernas. Observei um instante às pessoas virando o rosto, fingindo não ver. Outras olharam de olhos arregalados, mas só encararam, sem fazer nada. Nem mesmo as no preferencial e que deviam levantar. Uma mulher fechou os olhos e fingiu dormir.

Revirei os olhos.

— Ei! Senta aqui! – sorri me levantando.

— Obrigada! – ela sorriu, usando as muletas para chegar onde eu estava e sentou. A mãe segurou as muletas pra ela, se encostando e me lançou um olhar de agradecimento. — Eu não posso usar uma prótese ainda. – comentou franzindo os lábios para as pernas. — Mas, logo vou poder.

— Porque ainda não?

— O médico disse que ainda não cicatrizou por completo. – explicou pegando os fones. — Tô indo pro médico agora, pra ver se tá cicatrizando direito.

Levei um instante para entender o que "ainda não cicatrizou" significava.

Engoli em seco.

— Entendi. Bom... Parabéns! Que legal que logo você vai poder colocar a prótese.

— Sim! Vai demorar um pouco pra me adaptar, mas vai ser legal.

— Com certeza!

Ela continuou falando um pouco sobre os exercícios que tinha que fazer para dessensibilizar e fortalecer o coto e sobre como queria colocar a prótese logo. Contou que fazia boxe antes do acidente e que estava ansiosa para voltar a fazer. Ela não explicou qual foi o acidente, mas percebi a mãe estremecer quando ela mencionou.

— Foi muito bom conversar com você, mas agora eu tenho que descer, tá? – sorri. — Tchau, tchau.

— Tchauzinho! – ela riu acenando pra mim enquanto eu descia.

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