Capítulo 26

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Oi de novo. Como cês tão? Passaram bem o feriado?

— Qual foi a última vez que te falei da minha vida pessoal? – perguntei, verificando o sistema da biblioteca

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— Qual foi a última vez que te falei da minha vida pessoal? – perguntei, verificando o sistema da biblioteca.

— Nossa, ótima pergunta. – Beatriz deu risada. — Há algumas semanas, eu acho. Por quê?

Hesitei.

Falar pra Beatriz seria tornar estupidamente real e não tinha certeza se já estava pronto pra tornar tudo estupidamente real. Respirei fundo.

— Acho que tô gostando de um cara.

Ela riu de novo. — Ah, vá? O carinha de trança no cabelo? Qual a novidade? Tu encontra ele todo dia depois do trabalho. Isa, você é uma vergonha por achar que eu não tinha notado.

— Como você notou se eu não notei? – perguntei, um pouco irritado pelo deboche.

A voz de Bea ficou séria. — Como assim você não tinha notado? Isaac, sabe um golden retrivier se exibindo pra brincar? Você é um golden retrivier desde que ele pediu seu número! Burro do caralho!

Franzi os lábios e então suspirei. Ouvi o som de chuva lá fora e algumas pessoas entrarem. Não me importei, ciente de que estavam apenas procurando um local para fugir da chuva e não iriam necessitar de atendimento.

— Suponho que esteja certa. Mas, tipo, como você sabe que você gosta da pessoa no sentido romântico?

— Eu não acredito que cê precisa de ajuda nisso!

— Eu preciso. Eu sou um burro com as coisas do coração, você devia saber disso melhor do que ninguém a essa altura!

Ela bufou.

Passos se aproximaram do balcão.

— Bom dia, em que posso ajudar? – Bea passou para o tom profissional.

— Eu tô procurando a biografia da Maria Leopoldina. – voz masculina... Quinze anos, talvez?

— As biografias ficam no terceiro corredor à esquerda. Deixe só eu verificar se a gente tem essa.

Enquanto Bea terminava de atender o rapaz, me voltei novamente aos meus sentimentos tentando achar uma resposta para minhas próprias dúvidas. Você não pode simplesmente pular de um avião sem ter certeza que seu paraquedas vai abrir. Você não pode dizer pra uma pessoa que está apaixonado sem ter certeza se está realmente porque isso é duas vezes injusto. Com você e com ela.

Mas, como se tem certeza de coisas tão abstratas quanto sentimentos?

— Seguinte... – Bea começou logo que ficou livre novamente. — Eu não acredito que você não saiba. Acho que está tentando se convencer que não sabe, porquê tem medo de intimidade.

— Eu não tenho medo de intimidade! – falei um pouco alto demais.

— Tem razão, você tem pavor!

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