Raoni só queria acabar o turno no trabalho e ir para a aula de teatro. Mas, um inesperado e um tanto vergonhoso encontro num ônibus com Isaac, um modelo com deficiência visual, resultou numa história de amor.
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Obra postada...
Ei, você que fez o ENEM e tá se sentindo mal: você já é foda só por ter tentado. Essa prova tá mais insegura a cada ano, ainda mais pela dificuldade para estudar que estamos passando desde o ano anterior em consequência da pandemia. Não importa quantas questões você acertou, você ter conseguido chegar lá com o mundo assim, já te torna fodastico.
Agora vamos pra um capítulo boiolinha pra relaxarmos!
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Respirei fundo, minhas pernas doíam enquanto voltava da cozinha.
A dor nas costas fazia meus olhos arderem e meus braços tremerem ao passo que levava as bandejas.
— Aqui está. – sorri colocando a tigela de feijão com ervilhas na mesa e a jarra de suco de mamão.
— Eu pedi suco de laranja.
Pisquei, confuso.
— Ah... Certo, perdão. Eu já trago. – sorri o mais sincero que pude.
La jarra de volta a cozinha. Analisei as comandas um momento, tentando ver onde tinha errado.
— Lumara, uma jarra de suco de laranja! – gritei antes de sair da cozinha, com mais pratos.
Deixei a jarra de suco de mamão na mesa certa.
Entreguei outros pratos e levei outros pedidos.
Consegui deixar a jarra de suco de laranja na mesa correta.
Uma criança derrubou um copo de vidro e parei pra limpar. Senti vontade de revirar os olhos pelo jeito que a mãe dava bronca na criança. Ok, era chato limpar as coisas, mas a garota devia ter uns cinco anos! Era normal que crianças derrubassem as coisas por não conseguirem agarrar direito nessa idade. Não precisava gritar chamando-a de idiota.
Me obriguei de verdade a não revirar os olhos.
Passei o pano e voltei ao trabalho.
Lumara gritou comigo pela demora e Samuel pareceu irritado por ter que entregar alguns dos meus pedidos enquanto eu limpava o vidro quebrado. Tentei não me importar.
Meus olhos coçavam, secos. Meus ombros doíam e a sola dos meus pés também.
Reclamações.
Mais pedidos.
Entregar contas.
Minha cabeça latejava.
Só mais vinte minutos, pensei.
Só mais vinte minutos...
***
— Hã... Oi. – uni as sobrancelhas, confuso ao sair do trabalho, encontrando Isaac sentado na escada da entrada do restaurante.
Ele estava com uma calça jeans azul com estrelas de seis pontas desenhadas por todo o tecido em preto. Cropped moletom branco de mangas boca de sino, com uma estampa da Milena e do Jeremias de Turma da Mônica vestindo bonés e correntes douradas, costas com costas e microfones na mão como se fossem ter uma batalha de rap, a palavra "melanina" escrita de forma estilizada no tecido.
