Capítulo 17

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Isaac e eu andamos lado a lado, meio constrangidos, até o motel

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Isaac e eu andamos lado a lado, meio constrangidos, até o motel. Recepção, corredor, quarto... Tivemos que mostrar nossas identidades porque aparentemente não parecíamos maiores de idade ainda. A humilhão, meu deus.

Isaac estava simplesmente gostoso, com uma jaqueta de malha de três cores (azul, roxo e rosa) com uma camisa branca por baixo e vários colares pretos de diferentes tamanhos que reluziam contra as dobras do tecido. A calça de malha, nas mesmas cores da jaqueta, era justa e valorizava até bem demais seu corpo. Gostoso do caralho.

Eu tinha feito o melhor com o que tinha. Calça jeans com rasgo no joelho e uma camisa vermelha de manga preta que combinava com a lã do meu cabelo. All stars velhos como o tempo, pretos.

Enquanto isso, Isa estava com air jordan preto, branco e rosa e uma tornozeleira de prata com pingentes de estrelas. Esse garoto gostava mesmo de bijuterias e jóias, reparei.

— Isso é meio estranho. – murmurei, sem graça, entrando.

— Ah, não me diga! - bufou. — Eu disse pros meus pais que iríamos patinar de novo.

— Bom, você quer patinar no meu corpo, então não foi uma mentira completa. – brinquei, fechei a porta quando ele entrou. — Ai, mas isso aqui...

— O que foi?

Fiz careta andando pelo quarto. Tinha um pouco de mofo pelas paredes e a cama parecia ser velha. O colchão definitivamente não era nada atraente. Mordi os lábios olhando o frigobar no canto do quarto. Para ser justo, o lugar parecia razoavelmente arrumado e limpo... Apesar disso, pensei, provavelmente era mais seguro não andar descalço ali. O cheiro era de produto de limpeza barato.

— Tem cerveja, quer? - perguntei. Cervejas, refrigerante, vinho... Vinho de dez reais. Definitivamente era tudo menos vinho.

Isaac espirrou e esfregou o nariz. Me perguntei se ele tinha rinite ou algo do tipo. Sei que poeira me dava alergia e meus olhos coçaram só de vê-la sobre o frigobar.

— Pago por fora. Quanto é?

— Não faço ideia, mas vou pegar. – declarei. — Só ficando bêbado pra transar aqui. Passei da fase em que conseguia sentir tesão até em casa abandonada.

— É tão ruim assim? – Isaac perguntou, sem graça sentando na ponta da cama. Encostou a bengala numa parede e tirou os óculos.

Observei seus olhos por um momento, notando que nunca o havia visto sem óculos antes. Pequenos, com cílios compridos, o olho esquerdo um tanto maior que o olho direito. Não eram leitosos como eu esperava. Lembrei de uma vez que ele comentou que seus pais demoraram alguns meses para descobrir sua cegueira, e entendi porque. Isa tinha um olhar brilhante, iris de um castanho claro.

— Por que você usa óculos mesmo? - perguntei, distraído de todos os problemas daquele quarto.

— Minha mãe diz que protege do sol e me faz usar desde que me entendo por gente. - deu de ombros. — Acho que me acostumei. E tem muitos óculos bonitos que completam bem minhas roupas. Só é difícil de combinar...

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