Raoni só queria acabar o turno no trabalho e ir para a aula de teatro. Mas, um inesperado e um tanto vergonhoso encontro num ônibus com Isaac, um modelo com deficiência visual, resultou numa história de amor.
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Obra postada...
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Raoni
— Então, você queria se montar como drag? – Isaac perguntou curioso. Atravessávamos o corredor do motel rumo ao quarto. Quase não nos deixaram entrar nesse também. Tivemos que mostrar nossas identidades e ainda conferiram a minha duas vezes.
— Eu queria. – admiti. — Por isso o negócio de teatro... Achei que ajudaria a performar e tal. E daqui alguns semestres terei aula de maquiagem... Parecia apropriado.
— Você ainda quer?
— Às vezes. – confirmei fazendo careta. — Era pra parecer um sonho mais real agora que tô estudando e tal, né? Mas, não parece. Acho que vou acabar deixando pra lá e me contentando com teatro mesmo.
— Por quê?
Porque não é barato e eu só quero juntar dinheiro pra vazar de casa, pensei, mas não falei. E porque não saberia nem por onde começar.
— Aqui. – abri a porta do quarto... Suíte... — Mas que porra... Caralho!
— Eu escolhi errado de novo? – Isaac perguntou nervoso, entrando atrás de mim. Fechou a porta do quarto e tirou a jaqueta jeans longa de estampa militar que usava por cima de uma camisa preta do Stich. — Por favor, diz que não! Foi caro!
— Não... Sim... Tipo... Porra, puta merda! – respirei fundo passando os olhos pelo cômodo. — Por que tem três camas?
— Ah... Sei lá.
— Meu Deus, Isa! Eu só queria um lugar que não fedesse a mofo e que tivesse paredes grossas, você não precisava me alugar um apartamento! – exclamei ainda olhando o lugar.
Eumoraria ali numa boa!
Além das três camas de casal, cheias de almofadas (pra que tanta almofada?), as paredes tinham um tom rosa claro, o chão brilhava de limpeza. Uma mesinha de cabeceira ao lado de cada cama. Mexi na luz, curioso, ao perceber que era daquelas que podia regular e por uma meia-luz.
Tinha um espelho no teto, meu pai amado! Um espelho gigantesco de uma ponta a outra do teto!
A televisão tela plana enorme sobre um aparador cheio de presilhas, camisinhas, lubrificantes... Olhei o frigobar, saltitante.
— Duzentos e sessenta contos um vinho! Puta que pariu! Não estamos mais no Kansas.
— Que?
— Mágico de OZ! – gritei, ofendido por ele não ter entendido de cara. — Olha esse cardápio! Eu nem sei ler esses nomes!
— Vê se tá tudo limpo. – Isaac avisou andando até a cama. — Pelo que entendi, eles tem uma higienização mega rigorosa dos quarto, mas tem que verificar tudo mesmo assim...
— Vou ver o banheiro! – avisei ao mesmo tempo em que tirava os sapatos.
Banheira e bidê, caralho. Franzi a testa ao perceber que aquele banheiro provavelmente era maior que meu quarto. Deviam caber três quartos meus ali. Puta merda, o dinheiro que ele gastou com aquilo devia dar pra comprar tudo da Polishop!