Capítulo 32

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Atendi o celular ao descer do ônibus

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Atendi o celular ao descer do ônibus.

— Alô?

— Oi!

— Amor, eu tô indo pra um casting agora... – comecei.

— Não, não, é rapidinho!

— Hum...

— Aquela coisa que você falou sobre a palestra... Eu... Eu posso mudar de ideia?

Sorri e tropecei num desnível da calçada em que não tinha reparado. Porcaria de ruas. — Claro que pode.

— Mas, tipo... Eu não tenho nada sabe. Nome, roupa, maquiagem, nada, então... É, tipo...

— Quando é sua apresentação de teatro mesmo?

— Final de julho.

— Posso marcar a palestra pra primeira semana de agosto.

— Você vai ficar na biblioteca esse tempo todo? Achei que ia pedir demissão...

— E eu vou. – dei risada. — Mas, me deixe te dar uma chance de perfomar, poh. Além do mais, não posso simplesmente pedir demissão. Tenho que fazer isso numa época que for tá mais safe como modelo. Agosto é uma boa, a fashion week vai tá chegando e sempre fico temporariamente rico na fashion week. Enfim, primeira semana de agosto. Acha que consegue criar tua persona até lá?

— Eu posso tentar... – Raoni riu do outro lado. — Obrigado.

— De nada, meu pêssego. – sorri. — Agora preciso desligar ou vou me atrasar, tá bom? Beijo.

— Beijo.

***

Era muito melhor na nova agência. Os locais em que ia fazer casting eram acessíveis, raramente alguém falava comigo com voz de criança (ainda acontecia, mas isso não estava sob controle da agência afinal de contas). Comecei a ser chamado pra mais jobs e, se continuasse assim, poderia trabalhar apenas como modelo porque o retorno estava sendo bom.

Tirei as fotos desse casting e já fui para um job em seguida.

Cansativo pra caralho. Três horas só no job. Você nunca pensa no quanto tirar fotos é cansativo até ter que trabalhar com isso. Ainda levei bronca por estar com uma calça muito apertada porque o fotografo teve que esperar as marcas nas minhas pernas sumirem.

O tratamento com antidepressivos estava funcionando, acho. Quer dizer, tive que esperar três semanas, mas estava mais calmo. Não muito ainda, no entanto. Minhas mãos coçavam, meu coração disparava e eu ainda relutava em parar de fazer algo ou trocar uma responsabilidade por outra... Mas, conseguia. Mais ou menos. Ficava incomodado o resto do dia, mas conseguia. Já era algo, né?

Também estava chegando tarde em casa e quase não tinha mais tempo para as sessões de terapia. Embora, quando tinha, conseguia conversar melhor com Vanessa. Tipo, ainda tinha muita coisa dentro do meu peito pra expressar. Especialmente inseguranças. Mas, estávamos trabalhando isso, acho.

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