Raoni só queria acabar o turno no trabalho e ir para a aula de teatro. Mas, um inesperado e um tanto vergonhoso encontro num ônibus com Isaac, um modelo com deficiência visual, resultou numa história de amor.
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Obra postada...
Atualização surpresa! Esse é o capítulo do evento e, obviamente eu não ia explicar vários filósofos africanos pq o cap ficaria gigantesco, mas, deixei a intro da palestra e a explicação sobre Fanon que é o filósofo africano pós-colonização de que mais gosto. Também temos Isaac e Raoni se reencontrando finalmente <3 Espero que gostem!
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Raoni
Me olhei no espelho enquanto terminava de me arrumar pra largar. Calça cáqui preta, camisa havaiana branca... Eu parecia a Cruela, só quem sem o casaco de pele e a estola de pelos.
Franzi os lábios. Talvez eu devesse fazer tranças pretas e brancas. Tenho certeza que ficaria lindo. Sim, iria guardar essa ideia, com certeza.
Coloquei meus brincos de argola prata enquanto saía do trabalho e me alonguei sem pressa depois de tomar um analgésico.
Minhas costas estavam mesmo me matando. Mas, pelo menos hoje, ao contrário do que minha mãe pensava, eu não teria aula. Sorri.
Claro, eu amava as aulas, mas, sabe... Quando você pega algo que ama pra estudar e levar como trabalho, quão mais a sério leva menos prazer isso te traz. E eu levava o teatro muito a sério, então realmente precisava de tardes e noites de folga onde pudesse relaxar.
Me sentei num banco no ponto de ônibus e peguei um livro para ler. Ainda tinha bastante tempo antes do inicio da palestra. Podia ficar um pouco ali, lendo. Não muito, claro. Só um pouco.
Programei um alarme e esfreguei os olhos, lutando contra o sono enquanto lia.
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Noite de Cultura: Autores das Filosofias Africanas. Participação especial: professor Hemetério José
A biblioteca era espaçosa, com paredes brancas, estantes de mogno cheias e iluminação dourada suave. Obviamente as estantes eram cheias, cada livro etiquetado com uma numeração diferente, muitos com pequenos pontinhos sobre as etiquetas. Achei aquilo meio confuso. Não eram livros em braile, porque as etiquetas eram?
— Por aqui. – uma moça gorda de avental de bibliotecária indicou. Era negra, com cabelos crespos compridos e parecia ser um tanto mais alta do que eu. Tinha um sorriso agradável e uma forma de falar doce que combianva com os olhos cor de chocolate.
— Obrigado. – Thiago sorriu pra ela educado enquanto entrávamos na sala em que se realizaria a tal palestra.
Cadeiras organizavam-se em fileiras diante um projetor. Olhei curioso. Parecia uma sala infantil a julgar pelos desenhos nas paredes, com borboletas e personagens de filmes de animação. Apesar disso, tinham duas estantes com rodinhas no canto, além de fotos. Muitas fotos.
— Vamos dar uma olhada? - Thiago sorriu. Tinha pouca gente e quem estava presente estava vendo os livros.
Concordei indo ver as fotos, todas de pessoas negras. Todas tinham uma pequena legenda embaixo. Reconheci alguns dos rostos. Chadwick, Beyoncé, Luís Gama, Zumbi, Zendaya... Mas, a maioria não. Cerrei os lábios, lendo. Sobre as legendas, pequenos pontinhos em braile.
