Raoni só queria acabar o turno no trabalho e ir para a aula de teatro. Mas, um inesperado e um tanto vergonhoso encontro num ônibus com Isaac, um modelo com deficiência visual, resultou numa história de amor.
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Obra postada...
Feliz natal! Capítulo 25 no dia 25? Gostei. Teremos atualização normalmente no domingo, isto aqui é apenas um pequeno presente. Espero que estejam todos tendo um bom natal <3
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O apartamento da família do Isaac tinha portas largas, brilhantes, de um marrom-avermelhado. Paredes brancas cobertas por painéis e quadros decorativos, a maioria com texturas e relevos. Algumas partes da cozinha tinham piso tátil em volta. E as prateleiras da sala eram cheias de pequenos enfeites, Torre Eiffel, Torre de Pisa, Taj Mahal, Cristo Redentor e outras miniaturas que não reconheci. A maioria dos móveis tinham altura livre e não eram muito altos, imaginei que por conta do pai do Isaac.
No hall de entrada tinha uma cadeira de rodas desmontada encostada, vários chinelos e sapatos.
O jantar estava uma delicia. Eu me sentei ao lado do Isaac, de frente a mãe dele na sala de jantar. Sala de jantar. Porra de apartamento grande do caralho, o filho da puta era classe média e eu rejeitando quando ele se ofereceu pra me pagar um kit de máscaras de argila.
Da próxima vez, o faria me comprar ao menos um lace rosa chiclete, um que custasse ao menos duzentos reais de preferência.
A mãe do Isaac, Soraya, tinha uma pele negra bem mais clara que a do filho, cabelo curto, corte afro, olhos castanhos e lábios finos. Ela era bem mais baixa que eu ou o Isaac e tinhas olhos brilhantes. Gorda e com mãos pequenas, com unhas compridas e decoradas. Vestia uma regata branca e uma bermuda legue preta.
Enquanto comíamos, ela e o Isaac conversavam sobre o dia que tiveram. Esperava que, ao menos em casa, Isaac não parecesse diretamente saído de uma página de revista, mas não era o caso. Ele usava uma regatinha branca de alças finas e calças indianas laranja com vários desenhos e estampas e parecia ainda mais bonito. Desgraçado.
Estava na metade do meu prato quando ouvi a porta abrir.
— Boa noite!
— Boa noite! – Isaac cumprimentou.
Me inclinei um pouco, sem nem perceber, tentando ter uma visão melhor.
O pai do Isaac era careca, gordo, com queixo quadrado, barba grisalha cheia e braços grossos, parecia um pouco com um lenhador. A pele preta escura destacava os olhos castanho-claro. Nariz largo e lábios grossos com, acredite, um piercing. Nunca na minha vida vi um pai com piercing e isso me surpreendeu para caralho.
Observei, curioso, ele encaixar as rodas na cadeira. Me perguntei como passaria da cadeira motorizada para a manual. Tinha lido em algum lugar que alguns cadeirantes conseguiam andar curtas distâncias... O pigarro da mãe do Isaac me fez lembrar que encarar era falta de educação e rapidamente me ajeitei no lugar, com um sorriso de desculpas.
— Deu tudo certo no banco, pai? – Isaac perguntou em tom casual.
O pai dele veio pra sala de jantar já na cadeira manual e deu um selinho na esposa antes de se ajeitar em seu um lugar a mesa.
