Thiago estava no celular enquanto eu reclamava.
— E tipo, mesmo se eu me montasse, que porra é essa de inventar dessa do nada assim, tipo... Do nada? Caralho!
— Parece uma ideia legal, porém. – suspirou sem tirar os olhos do celular enquanto saíamos do curso. — A da palestra.
— Aham, tá. – revirei os olhos. — Não é como se um homofóbico de merda fosse ver sobre essa palestra e decidir "ah, vou lá me desconstruir." Porra, Iori!
— Mas, uma mãe que tá reparando que o filho é mais afeminado ou que a filha olha demais para uma garota, ou até mesmo que tem uma criança trans, e não sabe como lidar pode ir e lidar com seus preconceitos internalizados e poupar traumas futuros aos filhos.
Fiz careta. — Não me venha com lógica!
Thiago suspirou, guardou o celular e me olhou seriamente, cerrando os olhos.
— É meu aniversário. – contou.
— Feliz aniversário! Quantos anos?
— Quarenta e um.
— Caralho! – olhei assustado. — Achei que cê não tinha nem trinta ainda!
— Obrigado. – sorriu. — Enfim, minha noiva veio me buscar. Vamos comer pizza lá em casa. Quer vir?
— Ah, claro.
Entrei no carro meio constrangido.
— Oi, amor!
— Oi, bem! – Thiago sorriu enquanto colocava o cinto de segurança.Deu um beijo na noiva. — Esse é o Rao, da aula. Não tem problema ele ir comer pizza lá em casa, né?
— Claro que não. – ela se virou para mim e sorriu. — Thi fala muito de você, prazer. Eu sou a Irene.
— Prazer. – cumprimentei, meio sem graça.
Irene tinha sobrancelhas retas e cabelos pretos longos e ondulados. Pele branca e olhos verdes brilhantes, queixo longo e quadrado, sorriso gentil com os dois dentes da frente meio separadinhos. O pescoço longo e costas largas, vestia um terninho que se ajustava bem. Maquiagem suave e brincos pequenos de pérolas.
— Como foi no trabalho, bem? – Thiago perguntou.
— Mesma chatice de sempre. – ela suspirou e tirou uma mão do volante para poder segurar a mão dele. — E como foi à aula de vocês? Legal?
— Bacana.
— Ah, foi top! Fiquei ouvindo o Rao reclamar do namorado por horas.
— Thiago! – gritei.
Irene deu risada e me olhou pelo espelho do retrovisor. — Qual o porquê das reclamações?
— Nada demais. – resmunguei.
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Luzes e Estrelas
RomanceRaoni só queria acabar o turno no trabalho e ir para a aula de teatro. Mas, um inesperado e um tanto vergonhoso encontro num ônibus com Isaac, um modelo com deficiência visual, resultou numa história de amor. __________________________ Obra postada...