Capítulo 37

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PENULTIMO CAPÍTULO AAAAAAA

Estava praticamente dormindo e trabalhando ao mesmo tempo. Deus, eu precisava tanto de férias. Levava os pedidos errados com frequência porque sou um merda. Estava praticamente vivendo em função do décimo terceiro.

Bocejei e franzi a testa ao ver o Isaac e a Beatriz entrarem no restaurante. Deixei a comanda na cozinha, peguei os cardápios e fui atendê-los.

— Oi.

— Oi, meu pêssego, trabalhando bastante? – Isa sorriu. Bea não me respondeu. — Estamos comemorando eu ter me demitido. O que você recomenda pra gente comer?

— Pra mim é só o horário de almoço. – Beatriz murmurou, mexendo nos cabelos. — Mas, claro, pode ser uma comemoração, desde que não seja mal vista por algumas pessoas.

— Ai. – Isaac fez careta e pareceu que iria tentar falar algo, mas se calou e se encolheu quando Bea começou a tamborilar os dedos sobre a mesa.

Respirei fundo e olhei em volta para confirmar que o movimento não estava tão alto, embora ainda tivesse muitos para atender.

— Desculpe pela cena que fiz, Beatriz. – falei entregando-lhe o cardápio. — Fui ridículo.

Ela suspirou e concordou com a cabeça. — Eu considero o Isa como um irmão, tá bem? Não malicie isso.

— Ok, desculpe.

— Tudo bem. – revirou os olhos e então deu um meio sorriso. — Aliás, meu primo que te viu montado de Úrsula... Eu passei pra ele seus vídeos na palestra e acontece que, ele trabalha como organizador de eventos numa boate LGBT e gostaria de saber se você queria se apresentar lá.

— Que?

Isaac sorria como se já estivesse sabendo. Tive a suspeita que a verdadeira razão para terem vindo comer aqui é porque ele queria estar perto quando eu recebesse a notícia.

Bea ergueu a mão de forma séria. — O cachê não é alto, afinal você tá começando. No máximo cento e cinquenta. Mas, é um começo e conforme você se aperfeiçoa pode aumentar. Seria daqui duas semanas e seria lip sync. Apenas escolha a música, consiga a roupa e ensaie alguma coisa. Esse wrap de cogumelo é bom?

— São... São ó-ótimos. – gaguejei, ainda processando. — Hã... Muito obrigado, Bea. De verdade! Eu... Nem tenho como agradecer, é... Eu passo tudo pra você depois.

Ela gesticulou com a mão como se dissesse que não foi nada e estava para ler o cardápio para o Isaac, mas, eu fui mais rápido e lhe entreguei um.

— Amor, eu... – ele uniu as sobrancelhas e se interrompeu, sentindo as pequenas saliências sobre a folha grossa. Deu um meio sorriso e então comprimiu os lábios, como se contivesse algum sentimento ou tentasse dosá-lo. — Isso é um cardápio em braile?

— Aham. – sorri. — Sugeri a chefia que seria bom ter um. Também vão ajeitar uma rampa lá fora. Bom, vou atender os outros clientes e volto quando tiverem decidido o que querem, ok?

— Ok. – Beatriz sorriu pra mim, agora de uma forma mais sincera.

— Obrigado. De verdade, meu pêssego, isso... Eu acho que nunca fui num restaurante que tivesse um cardápio em braile. – ele riu baixo, os dedos passeando pelos itens do cardápio. — Obrigado.

— Por nada, peixe-anjo.

***

— Eu pensei em Feeling Good da Nina ou I'm Every Woman da Whitney.

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