Stand Up - Malec

2 - Feiticeiro

Alec

Eles estavam se movendo lentamente na estrada ainda escurecida pela ausência do sol. Haviam saído mais cedo do que nunca do instituto e já caminhavam pelo que aparentava aproximadamente uma hora. A presença silenciosa do seu Parabatai guardando suas costas era reconfortante, quase como o alívio de estar seguro depois de correr um risco enorme. E aquela não deixava de ser a situação. Estava correndo um risco inimaginável, movendo-se pela escuridão, onde criaturas assustadoras ainda vagavam.

Olhou para trás e viu Jace ainda lá, firme e loiro, dizendo-lhe com o olhar que não precisava se preocupar, que tudo ficaria bem e sob controle. Alec não precisava de palavras para entender Jace, e o inverso também acontecia.

Mas logo voltou a atenção para a estrada à frente. Estava estranhamente silencioso. As ruas do centro da cidade deveriam fervilhar com vampiros se preparando para voltar para os covis; lobisomens caçando para se alimentar... Não havia nada além do barulho da noite e dos pequenos insetos, e seus passos abafados pelo asfalto e pela runa de silêncio desenhada tanto em seu antebraço direito, quanto na sola das botas que usava.

Seria praticamente impossível detectá-los.

Jace passou à sua frente quando chegaram ao cruzamento em que haviam estado no dia anterior. O muro continuava lá, sólido e imponente, impossível de ser escalado por um humano normal.

-O que quer fazer? - Alec perguntou sussurrando, fazendo Jace revirar os olhos.

-Não temos escolha além de escalar e ver o que tem do outro lado. - Respondeu sem o sarcasmo habitual.

Alec gostou daquilo. Jace soando normalmente, sem intenção de mascarar nenhum sentimento. Dava a sensação reconfortante de parceria e intimidade.

Logo seus breves segundos de tranquilidade desapareceram. Não estava com vontade de escalar uma parede de quase 15 metros de altura; nem entendia como alguém tinha feito aquilo sem chamar atenção de quem estivesse nas redondezas.

Jace começou a subir, colocando os dedos nos espaços entre os tijolos avermelhados. Alec continuou embaixo por um tempo, olhando ao redor, atento a qualquer sinal de que estavam sendo vistos, e então seguiu Jace, a runa de força, resistência e agilidade ardendo um pouco quando seu corpo precisou daquelas habilidades.

-Não quero ser "estraga prazeres", mas... o que vamos fazer quando estivermos lá embaixo? - Alec perguntou quando finalmente alcançaram o topo. Olhou para baixo e só viu um terreno baldio cheio de carcaças do que já tinham sido carros luxuosos e raros. Nunca teve a oportunidade de dirigir, mas acreditava que seria excepcional sentir a adrenalina da velocidade que aquelas máquinas podiam atingir. Deveria se parecer com a adrenalina que seu corpo liberava quando precisava lutar pela própria vida.

-Explorar.

Jace saltou e por um momento Alec viu a imagem de seu Parabatai esmagado no chão, mas com um movimento gracioso, Jace girou e segurou-se em uma das elevações dos tijolos, olhando para cima, para os olhos de Alec, de forma travessa, um brilho incomum no olhar, e começou a descer.

Alec novamente o seguiu.

Era mais fácil do que subir, mas ainda assim ele se sentia desconfortável por não ter uma visão completa do que havia na parede e no espaço ao redor e abaixo deles.

Seus dedos estavam vermelhos e esfolados quando atingiram o solo, assumindo automaticamente uma posição de defesa. Curvaram-se, equilibrando o peso do corpo. Estavam preparados para lutar, mas nada mudou. Nem um movimento, nem um som.

Ele não estava gostando daquilo.

-Isso não é normal - murmurou, esperando que aquilo despertasse alguma cautela em Jace.