12 - Confie em mim

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-Magnus? - Ele ouviu a voz um tanto apreensiva de Ragnor ao seu lado. Seu amigo tinha chegado naquela tarde para ajudá-lo com alguns preparativos para aquela noite. Não que ele precisasse. Ou talvez precisasse mais do que deixava transparecer. Ainda assim, Ragnor o conhecia mais do que qualquer pessoa no mundo. Poderia descobrir facilmente quando ele precisava de algo.

Talvez ele estivesse errado. Talvez ele precisasse.

-Hum - Respondeu distraidamente enquanto mordia a pele solta em volta da unha de seu polegar.

Ele não gostava daquilo, sempre achou um hábito descortês. Mas sempre acabava fazendo quando parava de se policiar.

-O que está acontecendo com você? - Ragnor perguntou.

Magnus sequer o olhou. Ele não tirou os olhos do espelho.

-Nada.

-Não parece nada. Você não costuma ficar em frente ao espelho - Ele pensou melhor - Na verdade até costuma, mas não desse jeito.

Magnus revirou os olhos, mas continuou olhando o próprio reflexo.

Ele não gostava do que via.

Suas roupas pareciam forçadas demais. Quase opressoras. E ele se sentiu pequeno dentro delas. O Smoking foi demais. Ele o tirou da forma convencional, dobrando cada peça com cuidado desnecessário antes de mandá-lo de volta para o closet. Ele agora estava vestindo apenas uma calça de linho sob medida e uma camiseta branca.

Faltava cor. Faltava vida.

-Você fica bem de smoking, mesmo que eu deteste admitir - Ragnor resmungou com uma careta. Parecia estar sendo forçado a dizer aquilo, mas ele sabia que não era.

-Você também é bonito, Ragnor. Talvez não tanto quanto eu, mas dá para o gasto - Ele sorriu para o espelho, mas o sorriso não chegava aos olhos.

Ultimamente ele sentia que nenhum dos seus sorrisos era verdadeiro. Ele sentia falta de sorrir de verdade. A realidade era que ele não queria Ragnor pegando no seu pé por mais uma década por achar que ele estava deprimido.

Talvez estivesse. Mas não era uma prioridade no momento.

-Magnus, olhe para mim - Ragnor pediu usando um tom de voz um pouco mais razoável. Não era exatamente gentil, mas era o máximo que Ragnor conseguiria chegar de ser.

Ele olhou, sem conseguir forçar o sorriso. Suas bochechas doíam quando ele tentava.

Ragnor o inspecionou de cima a baixo.

-Você sabe que ainda tem tempo. Ainda falta uma semana. Hoje é só uma encenação.

-Isso é Aldous sendo o mesmo de sempre. Alguém não confiável.

-Magnus! - Ragnor colocou uma mão no ombro dele e o apertou brevemente. Quando o soltou, parecia estar ainda mais preocupado - Você sabia que isso aconteceria. E por mais que não seja hoje, vai ser algum dia, em algum momento em um futuro próximo. Você vai ter que entregar o menino.

Ele sabia disso, não precisava que ninguém lhe dissesse.

Fugiu para o closet com a desculpa de que precisava encontrar algo para vestir. Ele realmente precisava, mas sua mente não estava realmente nisso. Ele sabia que tinha que ir até a festa de Aldous, e disso não poderia fugir. Ele sabia que em algum momento precisaria mostrar que estava tendo resultados positivos com Alexander. Mas como fazer isso se ele não suportava a ideia de deixar Alexander e Aldous no mesmo espaço?

Ele era um imbecil completo. Poderia ser um tolo, mas não se arrependia.

Pegou uma camisa azul escura brilhante. Ela tinha uma grande abertura na frente, mostrando uma faixa de pele até a altura do umbigo - se ele tivesse um - e o deixava bem atraente. O que era bom. Ele pretendia chamar alguma atenção naquela noite. Talvez assim ninguém notasse Alexander.

Stand Up - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora