Stand Up - Malec

11 - Corrompido

Isabelle tinha se enganado.

Não era para a casa de Jia que estavam indo. Sebastian a levou para a linha das árvores da floresta Brocelind em silêncio, ignorando todas as suas tentativas de descobrir o que estava acontecendo. Ele apenas conversava como um velho amigo, sempre dando respostas vagas e dizendo que estava tudo bem. Ela sabia que não estava. E sentia pela tensão no corpo dele que se tentasse se afastar ele seria obrigado a conte-la. Se sentiu tentada a arriscar para saber se eles realmente o fariam. Ou se conseguiriam vencê-la.

Mas ela tinha que ser racional. Independente do motivo pelo qual aquilo estava acontecendo, resistir seria como colocar um holofote sobre si mesma, chamando ainda mais atenção. Ela só queria alguma notícia de Jace e Clary para se tranquilizar e deixar que os meninos tomassem a rédea da situação sem tanta preocupação.

Foi muito tempo mais tarde, quando a praça esvaziou e era tarde demais para que houvesse caçadores nas ruas, eles caminharam de volta em direção ao Gard.

Quando entraram, todos os olhares estavam sobre ela.

Alguns eram conhecidos. Aline Penhallow, Mark Blackthorn, Emma Carstairs, Cristina Rosales...

Outros ela só conhecia de ouvir falar.

O olhar nos rostos deles eram os mesmos, cheio de descrença indignada. Alguns com desconfiança.

-Isabelle Lightwood - Jia a cumprimentou. Ela continuava com aquele mesmo olhar cansado e abatido de antes, mas havia uma centelha de determinação por trás deles. Ela entendia porque a haviam escolhido como Consulesa. Jia sabia ser firme e intimidadora com apenas um olhar. Não tinha problema. Isabelle também sabia ser. E ela tinha lidado com sua mãe a vida inteira. A consulesa não deveria ser tão difícil quando comparada à Maryse.

-Senhora Penhallow - Respondeu, mantendo o olhar firme no dela. Aquilo pareceu agradá-la, já que esboçou um sorriso lateral que poderia ser tanto de agrado quanto de sarcasmo. Conhecendo Jia, ela apostaria que a Consulesa tinha gostado de sua audácia.

-Pode me chamar de Jia. Estamos todos entre amigos aqui.

Ela concordou com a cabeça, mas nunca conseguia ficar quieta o suficiente para evitar problemas. Aquilo que ela acreditava sempre acabava escapando sem seu consentimento.

-Não me sinto entre amigos. Não quando fui escoltada por guardas até aqui sem ao menos saber o que está acontecendo.

Houve um som de riso atrás dela, e Isabelle imaginou que fosse a voz de Emma, mas não poderia ter certeza.

-Bem... pedi aos guardas que a trouxessem gentilmente até aqui. Acho que precisamos ter uma conversa em particular. Sinto muito que tenha parecido uma ameaça.

Ela se contorceu para controlar sua língua dessa vez. O jeito calmo e contido não a enganava.

Sem outra palavra de Jia, os outros caçadores deixaram a sala. Apenas um continuou na porta, disfarçando que encarava as duas.

-Vou direto ao ponto, Isabelle. Não gosto de enrolações - Isabelle acenou, e Jia prosseguiu - Nossa patrulha foi interceptada nos limites da floresta Brocelind, a poucos metros da fronteira. Não havia atividade de Submundanos lá há muito tempo, até que eles passaram a atravessar a fronteira. Nada que fosse realmente preocupante, apenas alguns metros adentro. Meus homens enviados para interceptá-los foram direto para uma armadilha. E eu realmente espero que todos estejam mortos.

Isabelle paralisou, sem reação.

Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Olhou para a mulher fria e impassível e tinha certeza que seu rosto demonstrava o tamanho do seu horror, um pouco do respeito por ela desaparecendo diante de sua revolta. Se tinha uma coisa que ela sempre se orgulhava em sua espécie era a lealdade. Jia não parecia nem um pouco leal para ela agora.