41 - A calma que antecede - parte 2

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Alec ficou muito quieto no escritório enquanto esperava a chegada de Magnus. Ragnor tinha avisado que o chamaria, porque eles tinham algo sério para conversar. Ragnor também tinha dito que tinha algo a ver com a exigência da Consulesa. E agora ele esperava ansioso junto com Catarina enquanto o outro feiticeiro encontrava seu namorado.
Parecia coisa séria. Tão séria que ele nem sentiu aquele arrepio de satisfação ao pensar em Magnus, seu namorado, chegando. Foi instantâneo que suas mãos começassem a suar. Já tinha passado por tantos problemas envolvendo Magnus… era tão injusto que agora tivesse surgido mais um para tirar sua paz. Se fosse um simples encontro, Ragnor e Catarina não estariam tão tensos.

A porta se abriu com um rangido e apenas a cabeça de Magnus surgiu. O cabelo estava perfeitamente arrumado e com um rubor leve nas bochechas. Era perfeito.

-Oi! - o feiticeiro cumprimentou e sorriu ao vê-lo. Seu sorriso em retribuição foi preocupado e não tão verdadeiro - Está tudo bem?

-Ainda não sabemos - Foi Catarina quem o respondeu, tão séria quanto Ragnor havia estado - Mas contamos com você para descobrirmos.

Ragnor e Magnus entraram, sentaram-se em lados opostos - Ragnor em seu lugar do outro lado, Magnus ficou perto, na cadeira ao lado da sua - e entrelaçou seus dedos juntos. Ao notar seu desconforto, ergueu a sobrancelha em uma pergunta silenciosa. 

"Há algo que não me contou", ele queria dizer. Mas ele sempre soube que Magnus ainda não se sentia completamente pronto para contar tudo da sua vida e do seu passado. E que isso poderia demorar para acontecer, até Magnus superar todas as suas barreiras em relação ao relacionamento dos dois. Não queria apressá-lo, mas se era algo que comprometia a segurança de seu namorado, ele queria saber. 

-O que está acontecendo? - Magnus finalmente perguntou, desviando o olhar entre os três, ainda com a sobrancelha erguida inquisidoramente.

-Recebemos uma resposta de Jia - Ragnor foi direto ao ponto - ela quer todos os representantes do submundo em uma reunião 

-Ah, isso! Isso é bom. Não é? - Magnus perguntou mais uma vez, encostando relaxadamente contra o encosto da cadeira. Ainda assim, ainda havia uma energia e uma tensão nos ombros do feiticeiro. Estava bem escondida, mas Alec havia apredido a desvendá-lo melhor que a si mesmo.

-A menos que seja uma armadilha - Ragnor suspirou - E como ela os quer sozinhos, ficariam todos desprotegidos. Não teríamos como prever uma emboscada e seria muito difícil nos prepararmos para a forma como caçadores atacariam.

Alec encarou Magnus em busca de alguma coisa,  mas apenas pela recusa do feiticeiro em encará-lo de volta, assumia que a proposta era real e que os riscos eram tão verdadeiros. Talvez Magnus não quisesse preocupá-lo mais. Ou talvez não quisesse que ele criasse maiores desconfianças e desconfortos com os caçadores que tinham sido sua família. Queria tranquilizá-lo e dizer que já não confiava em muitas pessoas fora de seu círculo intimo.

-Eu vou junto - apertou Alec os dedos mais firmemente ao redor dos de Magnus ao falar - Vou ajudar a protegê-los.

-Mas Alexander - Magnus retrucou, os olhos saltados de suspresa - isso vai apenas irritá-la. Jia, ela pode pensar que é uma afronta. Não queremos mais problemas. Já passamos por tanto… Não queremos mais perdas e mortes de nenhum lado - Depois sussurrou, deixando escapar uma vulnerabilidade que Alec poucas vezes tinha visto - e eu não posso correr o risco de que você se machuque por mim mais uma vez, Alexander.

Seu coração apertou com a possibilidade de haver risco e de que Magnus fosse se expor a isso. Magnus tinha razão quando se tratava do orgulho frágil de caçadores e sua presença poderia sim ser tomada por afronta, mas não conseguia nem cogitar a possibilidade de Magnus sozinho com Jia, muito menos quando tinha saído de um confronto recentemente e ainda estava se recuperando.

Stand Up - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora