Stand Up - Malec

22 - Distração arriscada

Alec sabia que não podia se surpreender com mais nada. O conselho mantendo segredos não era realmente grande coisa, como Ragnor tinha dito. Caçadores não tinham a fama de serem transparentes. Nunca tiveram. Não começariam agora.

Enquanto voltava para encontrar Izzy e Clary, Alec pensava se era realmente possível. Ou se era mesmo tão ruim assim. Ele tinha passado um mês sob poder de Magnus. Eles poderiam simplesmente estar punindo Magnus pelo que tinha feito.

Mas ele nunca disse a ninguém o nome do feiticeiro que o capturou. Não tinham como saber quem era ele.

E também não era justo. Magnus nunca o machucou.

Mas ele sabia que as coisas não eram simples assim. Nada era. E não teriam escondido a existência de Magnus se não tivessem planejado algo ruim para ele. Ele lembrava de um velho caçador que tinha morrido logo no início da guerra, chamava-se Aloysius Starkweather, que gostava de colecionar presas de vampiros e lobisomens, orelhas de fadas e todos os tipos de marcas de feiticeiros. Acreditava que todas aquelas coisas ainda estavam penduradas na parede dele, como troféus de guerra. O filho dele deveria estar cuidando de tudo, mesmo que não pudesse acrescentar nenhuma nova aquisição. Sabendo disso, ele não podia deixar as coisas seguirem como estavam sem ao menos tentar investigar. Se submundanos tinham fama de serem perversos, aquela parede do Starkweather era igualmente perturbadora.

Foi pensando nisso que reprimiu qualquer intenção de Jace de provocar ou atacar Ragnor e prometeu - Jurou pelo anjo Raziel, como o feiticeiro pediu - que investigaria, e que se Magnus estivesse presente, ele o levaria até Ragnor para que pudesse ir a qualquer lugar seguro que existisse para ambos.

Mas agora Jace estava emburrado ao seu lado, pisando duro porque ele tinha concordado em ajudar Ragnor a encontrar Magnus quando seu parabatai insistia que aquilo não era problema deles.

Ele cutucou o parabatai com o cotovelo nas costelas.

-Não se pode simplesmente ameaçar um feiticeiro sem consequências. Antes, quando fui capturado, ele teria me deixado amarrado e amordaçado se não fosse... bem... - Se Magnus não estivesse se divertindo com o quanto ele era "uma criaturinha vigorosa", nas palavras do feiticeiro, se estivesse recordando bem - Se tivesse oportunidade. Você não sabe o que ele poderia ter feito com você, Jace.

-Ah, é. Mas você sabe.

Alec permaneceu em um silêncio magoado, porém resoluto, quando entendeu o que Jace queria dizer. Que ele tinha sido o brinquedinho de feiticeiros.

-Desculpe, Alec - O loiro se desculpou enquanto respirava fundo, obtendo um pouco mais de domínio sobre seu temperamento - Só estou zangado, isso não me dá o direito de ser grosseiro com você.

-Está tudo bem, Jace - Respondeu sem desviar o olhar da trilha - Estaremos alcançando as meninas. Você pretende contar à Clary que encontramos o feiticeiro que transportou os pais dela?

-Talvez. Possivelmente, quando tivermos mais respostas. Conhecendo Clary, ela provavelmente vai querer voltar agora e ir com ele, e ainda não sabemos se é completamente seguro.

Ele queria muito dizer que por mais emburrado que Ragnor fosse, se era amigo de Magnus, deveria ser boa pessoa. Sempre tinha sido justo com ele, mesmo que não fosse o mais gentil. Mas só então lembrou que agora não podia ter certeza se o que tinha visto de Magnus era realmente verdade ou se era apenas enganação;

Grunhiu consigo mesmo. Era muito frustrante duvidar de si mesmo a cada segundo.

-Provavelmente você tem razão.

-Eu sempre tenho - Jace deixou que um pouco de sua prepotência escapasse. Ele era sempre um pouco menos exibido quando estava com Clary. Alec sentia falta daquele comportamento despreocupado e imprudente do Parabataí.