Stand Up - Malec

7 - Uma amostra de poder

Clary estava deitada na cama desconfortável. Ela não conseguia assimilar a sensação áspera do tecido e a dureza do colchão. Quando disseram que ela seria levada para o Idris, o país natal de todos os caçadores de sombras, ela imaginava um lugar sofisticado e moderno, mas na verdade, tudo lá era rústico, desde as construções de centenas de anos, como o sistema de iluminação e encanamento. Ela havia quase congelado ao entrar debaixo do chuveiro e ser atingida pela água congelante. Talvez os outros pudessem fazer uma runa para aquecer a água, mas ela não. Não era caçadora. Era uma humana que estava no lugar errado e na hora errada e havia prejudicado outra pessoa por isso.

Mas também não podia simplesmente revelar na frente de todo mundo que o feiticeiro que a mantinha "presa" era o mesmo que havia jurado ajudá-la, que tinha levado seus pais para um lugar seguro, principalmente se aquele outro feiticeiro estranho com garras não fosse tolerante a humanos no meio deles. Ao menos tinha isso, a garantia de que seus pais estavam bem e a salvo em algum instituto. O feiticeiro lhe tinha assegurado isso ao tranquilizá-la antes que Jace e Alec os alcançassem.

Ela não conseguia deixar de se sentir culpada ao ver a angústia de Isabelle e de Jace para conseguir encontrar o rapaz novamente. Alec havia se entregado por ela e ela não conseguia entender o motivo daquilo. Eles nem se conheciam.

Virou de um lado, tentando se aquecer, mas os pensamentos não liberavam lugar em sua mente. Foi assustador quando o rapaz desabou como se já estivesse morto. Ela torcia para ele não estar. Jace entrou em parafuso ao perceber que o irmão dele tinha sido levado. Na verdade, não era seu irmão. Era seu Parabatai. Alguém mais próximo que um irmão. E Isabelle, havia confrontado a própria mãe e o Inquisidor, que ela sabia ser uma das maiores autoridades do mundo dos caçadores de sombras, para tentar convencê-los a não abandonar Alec.

Clary sentiu o bolo desconfortável que a culpa havia gerado em sua garganta.

Ela pulou de susto na cama quando a porta se abriu com um estrondo. Virou-se para a porta para encontrar Jace e Isabelle parados próximos à saída. Engoliu em seco com a expressão ameaçadora de Isabelle, e a forçadamente neutra de Jace.

-Levanta. Preciso falar com você. Preciso de ajuda.

-O que? - Ela perguntou, atordoada. O que ela poderia fazer por aqueles Nefilim que possuíam habilidades que ela sequer conseguia imaginar?

-Você vai nos contar o que sabe sobre o feiticeiro. Você disse a Jace que conhecia ele, que Alec não deveria ter feito aquilo porque aquele cara ia simplesmente te ajudar a chegar novamente à sua família.

Ela sentou-se, ignorando as bochechas ruborizadas ao notar o olhar sobre ela, mais especificamente sobre suas roupas. Ela vestia apenas um conjunto de dormir super curto que Isabelle tinha emprestado.

-Vou dizer tudo que eu sei.

-Claro que vai. Ou daríamos um jeito de arrancar a verdade de você. - Isabelle respondeu. Mas não soava grosseira. Ela parecia um pouco aflita, desconfiada, cansada. E aquilo era novidade. Ela costumava ser sempre impecável.

Empertigou-se e esperou que as perguntas começassem.

-Valentim diz que uma garota chamada Cristina estuda o mundo das fadas...

-Ótimo. Porque não a chamamos também? - Jace interrompeu e Isabelle olhou para ele com cansaço explícito.

-Valentim sugeriu que Alec é um traidor. Ele me mandou buscar ajuda sozinha. Ninguém vai sair daqui sem a permissão dele. Ouvi falar que ele proibiu todos os caçadores de saírem de Idris até segunda ordem. Ele não confia em nós, portanto não confio nele ou em qualquer pessoa que esteja obedecendo a ele.