37 - Sábios e tolos

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Jace observou, espantado, enquanto Magnus e Alec eram envolvidos pela nuvem mágica. Não dava para ver nada do que acontecia lá dentro, o deslocamento do ar balançava seus cabelos e roupas e o impedia de se aproximar.

-O que está acontecendo? - perguntou a qualquer um dos feiticeiros, mas todos eles pareciam tão estarrecidos quando ele mesmo. Catarina apertava as mãos contra o peito, Ragnor encarava a cena de boca aberta. Isaac e Marvin pareciam derrotados. E Tessa, bem, Tessa encarava o brilho mágico com espanto, mas também com esperança - O que ele está fazendo? - voltou a perguntar, dessa vez diretamente à feiticeira.

Ela o olhou como se o visse pela primeira vez

-Ele está trazendo o Alec de volta.

No momento em que acabou de falar, o brilho ao redor deles desapareceu tão repentinamente quanto havia surgido. E tudo o que via era o Alec, ainda pálido e sem vida, deitado no colo do feiticeiro. E Magnus, igualmente desacordado e pálido, com os braços fechados em torno de Alec em um abraço desesperado, o rosto escondido no pescoço do caçador.

Seu peito doeu ao perceber que ainda não sentia nada no lugar onde costumava sentir seu parabatai.

Ragnor foi o primeiro a se mover, ainda guiado pelo choque, e se ajoelhou lado de ambos. Colocou dois dedos verdes contra o pescoço de Magnus, e ergueu o rosto aliviado.

-Está vivo. Vamos levá-lo para dentro - O feiticeiro começou a trabalhar, soltandos os dedos que se agarravam ao corpo de Alec com firmeza. Mesmo inconsciente, Magnus parecia não querer soltá-lo - Ele só se esgotou - informou para ninguém em específico - quando recuperar a energia ele vai acordar.

Marvin se aproximou, ajudando Ragnor a levar Magnus desacordado para dentro da mansão.

-Já vou olhá-lo - Catarina avisou, mas moveu-se para perto dele e apertou seu ombro, tentando confortá-lo, mas não havia o fazer para mudar o que tinha acontecido dentro dele. Algo havia quebrado e despedaçado mais uma vez.

-Não funcionou, não é? - perguntou.

-Magnus já estava enfraquecido demais - Catarina respondeu com um olhar triste - E também... acredito que ele estava cego demais pela dor. O que ele sente por esse caçador... acho que vai além de qualquer coisa que já sentiu antes - ela olhou para a porta onde Ragnor, Marvin e Magnus haviam desaparecido, depois olhou para o horizonte, o sol ainda baixo, mas lançando luz e permitindo vez com nitidez a destruição que havia acontecido ali - Magnus nunca faria isso se não fosse assim. Ele sabe os riscos, a perturbação no ritmo natural da vida. É perigoso. É proibido. Nenhum feiticeiro fez isso antes sem sofrer consequências graves.

E sequer havia funcionado. Parecia muito irônico. Parecia muito injusto. Sempre achou que morreria primeiro, até esperava por isso, mesmo que temesse a dor que sua perda infringiria a Alec.

Ele e Alec eram um só. Sempre seriam a melhor parte um do outro. Alec sempre seria o seu melhor.

Acreditava que estava em choque, porque só havia o grande vazio, e o eco da dor em seu peito. As lágrimas pararam de cair e ele só sentou ao lado de Alec, olhando para ele. Tinham passado por tantas coisas juntos. Alec o salvou quando sua vida perdeu todo o sentido após a morte do pai em um mundo destruído. Alec o escolheu como parabatai e lhe deu um sentido pra viver.

Tinha que levá-lo para algum lugar, cuidar dele. Dá-lo um fim digno de um caçador de sombras.

Pelo anjo, como contaria a Isabelle?

Tessa e Isaac pareciam tão tristes quando Catarina, mas não ficaram. Entraram na mansão, talvez para conferir o que acontecia lá dentro.

Preparou-se para carregar Alec, para tirá-lo do chão sujo, mas... olhou mais atentamente. Podia jurar que tinha visto ele se mexer. Encarou Catarina de cenho franzido.

Stand Up - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora