38 - Tudo ou nada

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Alec subiu as escadas sendo seguido por sua irmã falando sem parar. Ela tinha surtado muito quando descobriu, ou melhor, quando Jace contou tudo o que tinha acontecido em relação a Aldous e sua "morte".
Já tinha dito dezenas de vezes que ela não precisava se preocupar. Ele estava bem, tinha saído de sua "quarentena" e já estava plenamente apto para qualquer atividade. Tudo bem que tinha passado a maior parte do tempo no quarto com Magnus - saindo exceto quando no dia anterior Izzy disse que a mãe deles estava lá, que tinha sido capturada como prisioneira por Aldous junto com alguns outros caçadores que conheciam.
É claro que ele foi até o quarto em que a mãe estava - não presa, mas sendo observada para não sair atacando ninguém - e eles conversaram. E é claro que sua mãe continuava desconfiada. Mesmo quando Ragnor se ofereceu para levá-los de volta ao instituto por portal, os caçadores se recusaram, sem garantias de que os submundanos realmente estavam sendo sinceros. Nem sua presença junto com Jace e Izzy foram o suficiente para que Maryse abandonasse sua desconfiança. Por isso, Ragnor tinha pedido que os submundanos os deixassem em paz enquanto iam embora.
E foi o que aconteceu.
E mesmo antes de ir, enquanto levavam comida para todos, sua mãe o questionou se era lá mesmo que ele queria estar. Se realmente existia verdade na Aliança entre caçadores de sombras e seres do submundo.
Ele foi completamente sincero quando a respondeu dizendo que era o único lugar em que poderia estar. Em que queria estar. Tanto por não se sentir mais acolhido no meio da Clave, quanto por não acreditar que seria capaz de concordar com o restante deles em muitos aspectos.
E obviamente, Magnus representava uma grande parcela disso. Ele não se via sendo capaz de deixar o feiticeiro para trás depois de tudo. Queria estar ao lado dele, e queria ver quando ele acordasse, queria abraçá-lo e apoiá-lo naquele futuro incerto…
Mas ainda não tinha contado para ela sobre seu relacionamento. Não ainda. Não queria chocá-la ainda mais. Um dia ele contaria tudo. Um dia, quando ela fosse capaz de tratar Magnus bem, com o respeito que ele merecia.
No fim do dia, quando sua mãe e os companheiros se foram, altivos porém não tão seguros de si, ele sentiu a imensa falta de quem sua mãe tinha sido antes da morte de Robert e do desaparecimento de Max.
Agora mesmo ele estava carregando uma tigela de sopa e água, e sorria, sem diminuir o ritmo por nada. Ele estava feliz por Izzy e Jace terem decidido ficar. Mesmo. E esperava que não tivesse sido exclusivamente por sua causa.
Passado agora o susto inicial, sua irmã contava que tinha visto os representantes do submundo chegando para a reunião com Ragnor e como eles pareciam belos e inumanos.
Ele sorriu nessa parte. Eles não eram humanos, o que não era uma coisa ruim, mas sua irmã enxergá-los assim era um grande avanço. Algo realmente maravilhoso.
-Você não vai assistir? - Izzy perguntou.
-Não - Respondeu - Vou passar um tempo com Magnus - Izzy anuiu, compreendendo - e também não acho que eles vão se sentir completamente à vontade com tantos caçadores por perto.
-Tá brincando! - ela se empolgou, dando um tapinha em seu braço, quase fazendo- o derrubar a água, depois encolheu os ombros e apertou os lábios com um meio sorriso sem jeito, se desculpando - vão ter submundanos lá também. Muitos deles. Ragnor realmente tem influência. E Magnus também. Mesmo não estando presente, ele é conhecido o suficiente para reunir essas pessoas. Quero ver quando ele acordar, o que será capaz de fazer.
Ele sorriu em concordância. Izzy, assim como todos os outros que o visitavam sempre diziam "quando" ele acordasse, e não "se", esperançosos, e renovavam também sua esperança de que Magnus acordaria logo.
Pararam na porta do quarto e Izzy a abriu para que ele pudesse entrar. Piscou um olho para ele e apontou em direção ao caminho de onde tinham vindo.
-Estou indo para a reunião. Cuide bem dele.
Alec balançou a cabeça em resposta.
Assim como ele e Jace, Isabelle nunca esqueceria o que Magnus tinha feito salvando sua vida.
-Vou cuidar, sim.
Izzy voltou e ele entrou.
As janelas estavam abertas, o quarto estava bem arejado e iluminado com luzes enfeitiçadas, e Magnus estava deitado, imóvel.
Suspirou e caminhou para perto.
-Oi, Magnus - cumprimentou-o com um sorriso, tentando soar animado, mas a falta de reação de Magnus ainda fazia seu coração apertar - Trouxe sua comida.
Sentou-se na cama ao lado dele, colocou a tigela e o copo na mesa de cabeceira, e ajustou o corpo de Magnus, puxando-o para cima e deixando-o em uma posição meio sentada encostado na cabeceira em nas almofadas. Tomou a tigela e uma colher, dando-lhe a sopa em pequenos colheradas na boca entreaberta.
Era bom ver que ele engolia. Significava que estava melhorando, mesmo que aos poucos.
-Muita coisa está acontecendo hoje - divagou, aproveitando para se distrair um pouco da pontada de dor que sentia ao ver Magnus, que era sempre tão cheio de vida, dessa forma - O pessoal voltou. Estão todos bem. Todos aqui. Estão se reunindo lá embaixo. Ragnor e Catarina estão aguentando as pontas e tentando alguns acordos, algo que nos dê um pouco de segurança e estabilidade, mas eles precisam de você. Eu também preciso. -  Apertou a mão de Magnus brevemente, e em seguida colocou mais uma colher de sopa na boca dele, em seguida respirou fundo.
-Minha mãe estava aqui - contou - Ela ter escapado disso ilesa foi uma sorte. Se não fosse por você, talvez ela estivesse igual à mãe da Clary. Ou à Charlotte. Mas Charlotte está melhorando. A mãe da Clary não. Catarina acha que é porque além de Aldous ter feito o feitiço nela… o mesmo que você fez em mim… - sussurrou relutantemente - pode haver outro tipo de magia envolvida. Como influência de fadas. Ou talvez veneno de vampiro. Clary está mal, mas ao menos sabe que a mãe está viva. O pai também. Catarina está tentando reverter, mas não teve muito sucesso até agora. Só nos resta esperar…
Mais uma colher de sopa.
-Jace está com ela o tempo todo agora que não precisa mais me vigiar - sorriu - você ficaria ao meu lado se pudesse, eu sei. Fiquei muito assustado. Muito mesmo. Mas o que importa é que tudo está caminhando para o lugar.
Quando a sopa acabou, inclinou o copo de água para que bebesse, então o colocou deitado, cuidando para que ficasse o mais confortável possível.
Beijou a testa alheia, depois acariciou o rosto, e deitou ao lado dele, abraçando-o forte.
-Por favor, acorde. Estou aqui, esperando por você. Por favor, acorde.

Stand Up - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora