Ele era muito pior do que imaginava. Muito mais paranóico do que seus irmãos costumavam dizer, era por isso que ele não queria voltar para casa ainda. Disse a si mesmo que não era nada demais, que se ninguém tinha visto nada na floresta, era porque não havia nada para ver. Mas a única outra razão para ter visto aquilo era estar definitivamente louco. Ele vivia em um mundo em ruínas, cheio de criaturas sobrenaturais e seres humanos com sangue angelical. Letras flamejantes mágicas que só ele poderia ver não eram tão absurdas assim.
Mas ele também não queria aumentar os boatos a seu respeito.
Ele sabia que Isabelle andava ameaçando as pessoas para que elas parassem de comentar sobre o que poderia ter acontecido com ele, quando elas supunham as diversas coisas que um feiticeiro poderia fazer, inclusive torná-lo um espião ou um boneco sem vontade. Mas mesmo com a insistência de Isabelle, ainda não confiavam nele. Sequer o deixavam patrulhar. Até quando andava pelas ruas na companhia de seus amigos ele não tinha paz, porque sempre havia alguém de confiança de Jia o perseguindo.
Talvez fosse por isso que andava enxergando coisas e ouvindo coisas estranhas...
E vendo os olhos dourados a cada nascer do sol.
Ele não pensaria tanto se tivesse outra coisa para fazer além de treinar com Jace pelas manhãs e ficar em casa durante o resto do dia.
Enquanto entravam na cidade dispostos a escrever uma mensagem de fogo para o irmão Enoque logo que chegassem em casa, Alec não conseguia deixar de imaginar se aquele chamado era real.
Se realmente poderia ser Magnus Bane.
Se fosse, ele deveria ficar ainda mais longe, agora que todos estavam de olho nele, mas também sabia que não conseguiria.
Quem ele queria enganar?
Ele nunca foi capaz de dar as costas para quem precisava dele. Eles deveriam poder contar uns com os outros, ainda mais quando eram a única coisa que tinham: Uns aos outros.
Observou a irmã, o parabatai e a mundana de canto de olho. Eles não conversavam dessa vez, impacientes e inquietos por sua causa, talvez com tantas dúvidas quanto ele, sem saber o que fazer para solucionar as perguntas que brotavam como ervas daninhas dentro de sua cabeça. Reprimiu um suspiro desgostoso consigo mesmo.
Se o irmão Enoque pudesse encontrar o que havia de errado com ele... se fosse apenas alguma alucinação idiota, ele não tocaria mais no assunto. Mas se não houvesse nada afetado sua capacidade de reconhecer a realidade, então talvez fosse realmente um chamado. Então ele esperaria para ver se algo mais aconteceria, ou talvez até voltasse à floresta para buscar algo que o levasse a quem pedia ajuda. Ele nem podia imaginar dar as costas para Magnus quando Magnus pôs em risco a própria permanência entre os submundanos só para levá-lo de volta para casa.
Se fosse Magnus ele tinha que ir.
Seu senso de dever não o deixaria ignorar.
Talvez lá no fundo ele soubesse que não era só dever. Ele era grato a Magnus por ter sido tudo o que ele não esperava, por tê-lo surpreendido sendo bom e garantindo que ele poderia voltar para casa.
Eles avistou a mansão Lightwood no fim da rua e apressou o passo, deixando os outros para trás, mas Jace o segurou e falou com cautela:
-Calma, Alec. Vamos descobrir o que está acontecendo. Agir assim só vai chamar atenção - Jace alertou.
-Assim como? - Perguntou tentando parecer confuso. Nunca foi bom em esconder coisas dele e Jace estava sério como nunca esteve, com os olhos dourados preocupados e analíticos investigando todas as suas ações.

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Stand Up - Malec
أدب الهواةCaçadores de sombras e submundanos eram inimigos. Sempre foram. Caçadores se utilizavam das habilidades que lhes foram dadas pelo anjo para oprimir os submundanos, aproveitando-se dos seus poderes para seus próprios fins e mantendo-os afastados do s...