05 - Noite de tormenta

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A balburdia não podia ser controlada, as pessoas estavam comemorando a morte de uma mulher que se disse inocente.

As quatro meninas estavam assustadas, e Mackenzie desejou mostrar para suas damas o Príncipe atrás da janela, mas bastou um desviar de olhos para que ele simplesmente desaparecesse de lá, deixando a sensação de dúvida na mente de Mackenzie.

Ele estava ou não ali?

— Menina teimosa. — Mackenzie ouviu a voz de Anne resmungar quando sentiu os braços magros da babá passar por seus ombros, levando-a do pátio para dentro do Castelo. — Ela estava morta desde o momento em que disse que era bruxa. Não havia mais nada para ver. — Anne alegou para as quatro garotas, enquanto elas andavam em direção a porta de entrada. — Estão satisfeitas com o que viram?

Esmae sacolejou a cabeça numa negativa veemente, e seus olhos tomaram um brilho atormentado com a lembrança da cabeça rolando no chão. Nenhuma delas estavam.

— Ela disse que nunca tinha feito mal a ninguém. — Mackenzie balbuciou tentando justificar sob o braço de Anne.

Anne soltou uma lufada de ar como se a resposta fosse óbvia, e fitou Mackenzie para responder.

— E você acredita mesmo que para o Rei isso importa?

Não. É claro que não importava. O Rei queria que tudo o que possuísse magia morresse. Só Mackenzie não fazia a mínima ideia disso.

— Mas ele é o meu pai... — Mackenzie tentou argumentar, assombrada com a postura que seu pai assumira no julgamento. Ele estava rancoroso, impassível e passional. Aquele homem não podia reger daquela forma.

Elas começaram a subir as escadas quando Anne começou a dizer:

— Existem coisas que não são do seu conhecimento, criança. Mas saiba: você também é filha da sua mãe e que é mais parecida com ela do que imagina. Isso muda muito as coisas.

— Eu... Eu... — Mackenzie gaguejou sem entender o que Anne estava tentando dizer, era uma mistura de confusão e redundância, porque era evidente que ela era filha de sua mãe, mas sua mãe estava morta e ninguém ousava, sequer, proferir uma palavra sobre ela.

— Você tem um bom coração, meu amor. É movida pelo amor e pela bondade, não experimentou dor e por isso, não tem sede de vingança. O seu pai é um homem machucado, foi corrompido, porque dói muito quando algo que você ama é tirado de você à força. Isso te muda e chaga um momento que não dá mais para alterar as coisas ruim que fez por causa disso. — Anne ia tentando explicar sem falar demais, porque ela não tinha o direito de contar à Mackenzie. Era o segredo do Rei e desrespeitá-lo seria afrontá-lo.

— Vocês três, vão já para a cama. — Anne ordenou às damas.

As meninas seguiram para os seus aposentos com um aceno contido de cabeça, e Anne e Mackenzie seguiram mais adiante pelo corredor. Os guardas que estavam ao lado da porta dos aposentos da Princesa a abriram e elas avançaram.

— O que você sabe sobre a minha mãe? — Mackenzie perguntou a Anne.

Anne não era velha, na verdade, ela tinha vinte e quatro anos. Não tinha família, era uma órfã que o orfanato real acolhera quando ainda era um bebê e tudo o que sabia, ou eram as freiras quem contava, ou ela mesma lia. Aos quatorze anos foi chamada para tomar conta da Princesa, e ali estava ela. A garota seria coroada em dois dias e ela estaria livre de suas obrigações.

— Não muito. — Anne tentou desconversar enquanto seguia para a banheira do cômodo.

Duas criadas entraram e saíram logo depois de despejaram baldes de água morna dentro da banheira para que Anne preparasse um banho revigorante para a Princesa.

Reino Perdido [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora