A informação que o druida buscava não estava em seu lugar favorito da floresta, mas esperava consegui-la com uma das criaturas mais astutas e antigas de Angora; se existisse alguém que pudesse saber onde fica o santuário, este alguém era Vastia, o velho e rabugento spriggan do vilarejo.
O druida desceu do cavalo, Mackenzie fez o mesmo, e ele tirou o manto que pendia de seus ombros, ficando com o colete de couro que protegia o peito.
— Você vai usar isso. — Ele disse, mas não esperou que Mackenzie sequer aprovasse, pois se aproximou da garota, passou os braços ao redor de seu pescoço e prendeu ao pescoço dela; que sentiu a maciez do tecido grosso e quente. — Espero que camufle o seu cheio. — Comentou, por fim.
— Meu cheiro? — Mackenzie questionou de imediato, constrangida.
"Estou fedendo?" Ela precisou conter a vontade de verificar, mas o druida esclareceu.
— De humana. Você ficaria surpresa com o faro de um Spriggan — comentou. — Dessa vez, não saia de perto de mim, e não olhe muito para a cara dele. — O druida ia alertando conforme andava. — Ele não é muito agradável e bonito.
Mackenzie deixou uma lufada de ar em forma de risada estremecer seu peito.
— O que foi? — ele indagou em tom confuso. — Do que você está rindo?
— É porque então, você é muito agradável e bonito... — Mackenzie retrucou em tom de brincadeira.
O druida deu de ombros, deixando Minelal escondido atrás de uma árvore suntuosa, e os dois andaram pelo caminho tortuoso da floresta antes de responder:
— Pensei que fosse.
E realmente era, não que ela fosse confirmar isso ou, simplesmente, falar a respeito, o que também não mudava o fato de que o druida era excepcionalmente bonito, e havia de se dizer que mais bonito ainda do que os próprios humanos que já conhecido, porque assim como Mackenzie, ele também era diferente.
Os dois seguiram a diante, afastando galhos de árvores baixas de seus rostos e pisando alto para não tropeçar nos espeças raízes agressivas que brotavam para fora da terra.
— E ainda por cima, muito modesto... — Mackenzie acrescentou, fitando-o as costas dele em meio ao crepúsculo sobre suas cabeças.
— Druidas são abnegados, mas modéstia não é para a nossa espécie, e você também não me parece muito modesta. Tão pequena e mesmo assim, tão cheia de si.
— Isso não quer dizer que eu me considere agradável e bonita. — Ela assumiu com sinceridade.
Mackenzie não se considerava uma Princesa bela ou graciosa, na verdade, como o próprio druida gostava de lembrar, a miudeza e a falta de peso eram coisas genéticas que não poderiam ser evitadas, sem esquecer a palidez, que era ressaltada pelo olhos grandes e extremamente claros que alternavam entre azul e verde água.
Mackenzie era diferente, sim, com uma beleza alva. Mas ser diferente não era sinônimo de feiura, havia beleza ali, ela só precisava parar de se comparar as outras mulheres.
— Mas deveria. — Ele disse, virando-se inesperadamente para Mackenzie, que corou no mesmo instante.
O que ele pretendia ao dizer aquilo? Foi o que Mackenzie se perguntou depois que ele voltou a andar, e ela se encolheu acanhada; sentindo o cheiro refrescante de floresta que emanava de sua capa.
— Talvez. — Ela respondeu, mais para ela do que para ele.
Ela deveria mesmo, um Princesa precisava ser mais segura de si se quisesse governar. No entanto, o assunto morreu quando eles chegaram a uma velha taverna de pedra construída sob uma bela árvore conífera nativa de Angora.
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Reino Perdido [Concluído]
FantasyMackenzie é a legítima Herdeira do Trono de Parga. Coroada desde o berço, cresceu ao lado de seu pai, um Rei extremamente controlador e amargurado, que sempre fez o possível para mantê-la distante dos perigos que sabia que rodeava o exterior do Cast...