18 - No Castelo

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No Castelo, as coisas não iam nada bem com o sumiço da Princesa. Todos especulavam acerca de seu paradeiro. Ela tinha decidido mudar seu destino? Havia sido sequestrada? Ainda estaria viva? Em segurança. Ninguém sabia, mas todos pareciam ter uma opinião formada sobre tal desfecho. O caos havia se estabelecido. A corte estava desorientada, tentando conter a animosidade que se formava ao redor da muralha, os nervos do Rei estavam em frangalhos devido à preocupação de não saber o paradeiro de sua própria filha. Expedições de buscas foram organizadas, as fronteiras de Parga foram cercas e o Príncipe Dorian era praticamente um prisioneiro ali.

No calabouço do Castelo, Dorian segurava as grades que o detinha com tanta força que a pele sobre os nós de seus dedos estava branca. O brilho em seus olhos oscila entre preocupação e receio. Aquilo era um erro. Um equívoco, mas nada do que ele dissesse seria levado em consideração. Um Príncipe aprisionado. Isso só poderia ser uma piada e depois de dois dias ali, ele se dera conta de que nem mesmo seu próprio pai o poderia resgatar. Uma lastimável conjectura o colocara ali. O Rei tinha pensado em tudo, especulara sobre toda a ordem de sequestro e nem mesmo Dorian poderia se defender de tais acusações. Era óbvio demais.

Os cabelos castanhos já estavam pesados de tanto ver suas próprias mãos aflitas. Em seu supercilio havia uma brecha, ocasionada por uma onda de descontrole e fúria do Rei, e uma delgada linha de sangue seco maculava o flanco de seu rosto.

Ouviu-se um farfalhar de tecido pelo chão ao passo que som de passos se tornavam mais próximos. Dorian ergueu a cabeça com atenção e observou a luz que foi se tornando mais intensa nas paredes, à medida que a chama irrompia do corredor para sua cela.

— Diga-me — o Rei ordenou com nítida rispidez e impaciência, antes mesmo de pôr-se diante das grades de Dorian. — Onde está minha filha?

Parga nunca tinha vista como um território hostil ou perigoso, mas Mikvar a havia subestimado. O homem diante dele estava irado e revirava-se por dentro tentando se conter diante do Príncipe que ousara contra sua família.

Uma onda de raiva cresceu em Dorian e começou a transparecer em seu rosto. Para se conter, o garoto largou as grades com força, respirando ruidosamente e virou-se de costas, repousando as mãos na cintura, esfregando o rosto em busca da calma que ansiava.

Então ele se virou temeroso para o rei e negou com um gesto de cabeça, apertando os lábios enquanto tentava soar sinceridade.

— Vossa Majestade está cometendo um terrível erro. — Dorian alegou, voltando a segurar as grades com força. — Eu nunca tentaria tal coisa...

O Rei bufou, impaciente e a ponto de explodir. A luz que incidia da tocha que um dos dois guardas segurava fazia com que as sinuosidades do rosto do Rei se tornassem assustadoras e suas feições furiosas ainda mais ameaçadoras.

— Não me tome, garoto. Não me tome! — Advertiu o Rei num rugido. — Sei bem como sua estirpe é atrevida. A garota sumiu enquanto você estava na Corte. Minha família — ele cuspiu as palavras num grito — como não há de ser o culpado?

Dorian não podia dizer nada a respeito, não havia provas, nem discussões. Ele era culpado e lhe cabia apenas o silêncio. Então, o Rei tomou aquilo como uma confissão de culpa e se aproximou mais da grade ao ponto de ver os pequenos pontos castanhos da barba que começavam a irromper da pele do maxilar dele.

— Mas uma coisa eu lhe digo. — O Rei sibilou entre os dentes, a raiva contaminando o seu tom de voz ao bater com força desmedida o dedo indicador na testa do Príncipe. — Até que eu a encontre, você mofará neste lugar e nem mesmo seu Rei ou título poderá te salvar de mim.

Reino Perdido [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora