Mackenzie estava dolorida de tanto cavalgar, quando Edlyn decidiu parar para descansar sob a sombra fresca de uma enorme figueira. Já fazia algumas horas que eles percorriam às margens do Rio Cinzel, seguindo pelo caminho mais tranquilo que havia para chegar ao acampamento.
Mackenzie desceu do cavalo, suspirando e abanando o rosto com a mão, transpirando com calor da tarde quente e úmida. Sua pele estava quente, e o rosto corado. As pupilas estavam mínimas diante da claridade e expunham os fascinantes riscos prateados nas írises muito próximos às pupilas. Os fios de seus cabelos grudavam na testa e no pescoço, começando a incomodá-la.
Mackenzie observou Edlyn soltar as rédeas de Minelal e o deixá-lo livre para pastar à margem do rio, enquanto enrolava os cabelos e juntava-os sobre um ombro só, permitindo que o pescoço tomasse um pouco de vento.
Ela ergueu a cabeça e franziu os olhos ao observar a imensidão do céu claríssimo. Na sua frente, a linha do horizonte era dividida entre árvores densas que se agigantavam-se em grupo rumo ao céu e águas claras que refletiam a copa das árvores e as nuvens entre o sol poente.
Abaixando o olhar, ela viu Minelal se aproximar da borda do rio e ela fez o mesmo, abaixando-se e juntando as mãos em concha a fim de apanhar água para lavar o rosto. A água fresca banhou seu rosto e provocou uma sensação de satisfação que fez Mackenzie ter vontade de se jogar no rio e se lavar. Mas ela se conteve, já que não sabia exatamente quanto tempo Edlyn decidiria ficar ali e também não esperava que ele simplesmente dissesse. Mas ela olhou para o cavalo cansado, que bebia da água, e se deu conta de que ele precisaria de muito mais do que alguns poucos minutos e um gole de água para descansar.
Ela não sabia quanto faltava para chegar ao destino, mas presumia estar na metade do caminho. Mais meio de cavalgada. Ela se lamuriava por dentro, sentindo o corpo relaxar num muxoxo de dor.
"Ele não está falando comigo..." Ela pensou, olhando para Edlyn por cima do ombro, que estava de costas, enquanto segurava um cantil.
Mackenzie levou novamente a mão à água, dessa vez, apreciando a água correr por sua pele e irradiar aquela sensação maravilhosa que refrigério que só sentimos nos dias mais quentes. Ela movimentou a mão para lá e para cá, brincando com um pequeno cordão de correnteza e a água convidativa a fez avançar pela borda, permitindo que seu corpo submergir em um tão ansiado mergulho.
Mais longe da borda, Mackenzie erguia a cabeça para fora da água apenas para tomar fôlego e voltar a mergulhar. Os braços movimentando-se para puxar o corpo.
Algum tempo depois, ela submergiu e surpreendeu-se ao se deparar com Edlyn também dentro da água, só que bem mais próximo da margem do que ela. Mas ela o ignorou e mergulhou, nadando para ainda mais longe.
Edlyn ficou ali, observando, esperando que ela emergisse da água e quando ele presumiu que tempo suficiente havia se passado, ele se pegou olhando para os lados e gritando:
— Anne!
Mais à frente, Mackenzie dava braçadas intensas contra a água, perdendo a noção de quanto havia se deslocado. O cabelo loiro tomava tons mais escuros quando estava tomado pela água e formava um esplendoroso véu em sua cabeça à medida que ela se movimentava. A mão dela bateu em algo firme e ela pode ver que era um pedaço de tronco já em decomposição. Submergindo, Mackenzie se viu muito próxima à margem do rio, sob uma árvore curvilínea de galhos retorcidos com folhas alaranjadas pelo outono farfalhando entre as impressionantes flores vermelhas com pequenos pontinhos escurecidos que se pareciam muito com um casulo. Ela nadou, se aproximando mais, seduzida pelo doce aroma da seiva. Nunca havia visto nada parecido, por isso, ergueu a mão para a flor mais próxima, mas antes que ela pudesse tocar, ela ouviu a voz de Edlyn:
— Não... — Ele disse com muita pressa em interrompê-la. — Não é uma boa ideia... — Exclamou por completo.
Mackenzie agitou os braços, virando-se para ele com uma expressão indagativa e ele nadou até ela, aproximando-se da planta.
— Isso é uma árvore carnívora. — Explicou ele dois tons mais baixos do que costuma falar, levando o dedo ao lábio para pedir-lhe silêncio.
Edlyn se aproximou mais um pouco, fitando-a diretamente nos olhos, estudando mais de perto as gotículas de água aderidas ao rosto dela. O cabelo molhado todo para trás deixava o pescoço e a pele rosada pela temperatura elevada livres. Os olhos dele fixaram-se nos lábios corados, arredondados e volumosos, estudando o arco do cupido que formava um coração sobre a boca. Ele foi chegando mais perto, e ela o acompanhava com os olhos, e à medida que se aproximava, menos ele resistia e mais atraído ele ficava. Mas não era pela simples atração que ele se aproximava daquele jeito. Na verdade, era por um motivo bastante cruel que ele o fazia. Então, Edlyn conteve o turbilhão que fazia seu coração bater mais rápido e espremia seus pulmões, atrevendo-se a erguer as mãos e leva-las aos ombros dela, girando-a lentamente para ficar de frente para a árvore a tempo de ver a libélula desfilar no ar e se aproximar do pequeno casulo da árvore. O peito do druida roçou nas costas de Mackenzie quando ele se inclinou sobre ela, aproximando-se de seu ouvido.
— É importante que veja que coisas bonitas, assim como você, nem sempre são confiáveis... — Ele soltou, com a voz calma, mas bastante cruel.
A libélula posou no casulo por milésimos de segundo e isso foi o bastante para que a planta se abrisse e exibisse a parte interior verde musgo e os espinhos que se assemelhavam a dentes. Um bote. Um bote certeiro e a planta havia comido a libélula. Mackenzie estremeceu e antes que ela pudesse gritar de susto, Edlyn cobriu sua boca e bateu as pernas, afastando-os da árvore traiçoeira.
Mackenzie bateu os braços e as pernas sentindo-se totalmente revolta, dando-se por si, forçando-o a tirar a mão de seus lábios.
Como uma planta carnívora. Mackenzie revirou-se por dentro, indignada. Era com isso que ele a comparava, e foi com muitos insultos não ditos que ela deixou a água.
Ela agitou as vestes, tentando se secar o quanto podia e sentou-se a margem do rio, enquanto o druida permaneceu na água, nadando voltas, enquanto o vento fazia o trabalho de secar seus cabelos e as roupas.
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Meuuss queridos leitores que me acompanha!
Enfim, os capítulos estão saindo e estou contente pelo caminho que a história está tomando, MAAAS gostaria muito de saber o que você está achando do enredo, desse sentimento magnetizante que esses dois tem sentido. Me conta ai o que você esperando da história, isso vai ajudar no desenvolvimento e no aperfeiçoamento. Então, também não esqueçam as estrelinhas!!
Beijineos e até o próximo <3
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Reino Perdido [Concluído]
FantasíaMackenzie é a legítima Herdeira do Trono de Parga. Coroada desde o berço, cresceu ao lado de seu pai, um Rei extremamente controlador e amargurado, que sempre fez o possível para mantê-la distante dos perigos que sabia que rodeava o exterior do Cast...