28 - Um druida para amar

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Assim, tão de perto, Mackenzie parecia ainda mais pequena do que realmente era, mas ela não pareceu se incomodar com isso, quando ele se movimentou, conduzindo-a num ritmo lento.

Aquela altura, ambos já tinham desenvolvido sentimentos contraditórios e complicados demais para serem explicados com palavras. Eles já haviam discutido, já tinham se magoado, já haviam declarado boa dose de rancor, mas cá estavam eles, de mãos dadas, dançando como se tudo ao redor deles não estivesse prestes a ruir. Mas isso não tinha acontecido do nada, eles precisaram de tempo para lamber suas feridas e tratá-las. Compreender que nada do que estava acontecendo era culpa um do outro tinha sido um processo lento e muito doloroso.

Naquele momento, Edlyn não estava remoendo o fato de que Mackenzie era humana, bruxa ou da realeza. Ele não queria fazer perguntas e mesmo que desconfiasse que Anne não era o seu verdadeiro nome, não cabia àquele momento questioná-la ou pressioná-la, porque tudo o que ele desejava era merecer cada segredo ou confidência. Ela tinha ganhado o respeito de Edlyn à força, e já fazia um tempo que ele pensava em Mackenzie com uma sensação de sufocamento e ansiedade. E o fato de ela constantemente desafiá-lo, de enfrenta-lo e quebrava suas regras faziam com que ela apenas se destacasse. Ela não abaixava a cabeça, não se resignava, e embora fosse tão pequena e frágil, ela não se curvava. Não por teimosia ou ignorância, mas porque, ela poderia ser a mudança que todos precisavam.

A luz avermelhada da fogueira se derramava sobre ela, projetando sombras nas cavidades do rosto delicado e naquele momento, tornava-se ainda mais difícil desviar o olhar.

Ele ergueu o braço dela, fazendo com que ela rodopiasse graciosamente e voltasse aos seus braços. Ela amava dançar e ela com certeza tinha a leveza e a destreza de uma princesa, mas nunca tinha dançado com essa sensação de liberdade que a preenchia enquanto dançava com Edlyn, então soltou uma gargalhada autentica no meio do passo, dando a ele o deleite de seus belos dentes, emoldurados pelos lábios corados e ele a acompanhou com uma risada. As mãos dela repousaram sobre o peito dele, e de olhos erguidos, ela o fitou intensamente, enquanto balançava para lá e para cá.

— Não posso acreditar que você está dançando comigo. — Ela confessou com divertimento fitando-o, quando ele se afastou um pouco ao esticar os braços.

— Está vendo, eu não sou nada mau. — disse ele, puxando-a para mais perto novamente, deslizando a mão para cima da cintura.

— Nada mau mesmo. — Ela suspirou baixinho e não imaginou que ele teria conseguido ouvir, mas ele ouviu.

A música logo chegou ao fim quando os druidas foram parando de cantar ao redor da fogueira. E com as bochechas coradas, Mackenzie fez uma mesura diante de Edlyn. Com o coração retumbando, os olhos dele a acompanharam numa espécie de transe, muito admirado, mas quando ele se deu conta de que a maioria dos druidas estavam olhando para eles, incluindo Sage, a expressão dele se tornou reprovativa e ríspida. Ele segurou Mackenzie pelo braço.

— Nunca mais faça isso aqui! — exclamou num tom que somente ela ouvisse, mais desconcertado do que bravo.

Mackenzie arregalou os olhos com a reação dele e recuou, olhando o redor e deparando-se com muitos olhos sobre si. Inclusive os de Eirin, que vinha de pressa em sua direção.

— Leve-a para a cabana e fique com ela. — Edlyn disse a Eirin.

Eirin assentiu para o irmão com um olhar de cumplicidade, segurando o pulso de Mackenzie e levando-a para a cabana conforme Edlyn havia ordenado.

— Afinal — Mackenzie ia dizendo enquanto andava com Eirin ao lado, agarrada ao seu braço — o que há de errado com uma mesura?

— Acontece que entre os nossos, nós não fazemos referência à realeza. Isso é muito ofensivo. — Ela ia dizendo conforme andava. — Mas me impressiona o fato de você ser uma bruxa e o fazer!

Os músculos de Mackenzie enrijeciam-se quando ela viu que não havia justificativa para aquilo, mas ao invés de se calar, ela disse:

— Eu sinto muito.

— Está tudo bem, presumo que não seja nada demais. — Eirin respondeu, balançando a cabeça, quando alcançaram a entrada da cabana de Mackenzie e elas entraram. — Além do que, você é uma visitante. Talvez você devesse descansar. Deite-se, Edlyn me pediu para esperar aqui.

Foi o que Mackenzie fez, ela se deitou na cama e esperou.

— Você acha que Edlyn ficou muito chateado? — Ela perguntou, rolando para ficar de barriga para baixo na cama e lembrando-se da dança e da sensação que eles haviam compartilhando pouco antes dela estragar tudo. — Quero disse, com a mesura?

— Acho que não — ela respondeu hesitante — vocês estavam muito bem...

Mackenzie resmungou, jogando a cabeça para trás como uma menina de oito anos de idade.

Edlyn havia dito que passaria por ali e Mackenzie queria ter esperado para lhe pedir desculpas, mas em algum momento, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.


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Olá, amoreeees! Essa semana fechamos o livro e eu quero saber o que vocês estão achando...

Olá, amoreeees! Essa semana fechamos o livro e eu quero saber o que vocês estão achando

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Reino Perdido [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora