O mundo pode ser sombrio,
inserto e cruel.
Só o que realmente importa é
que não vamos enfrentá-lo sozinhos.- Reign
Fazer o que eu coração deseja.
Esse era o grande problema, porque o coração de Mackenzie queria ser preenchido pela sensação de segurança e acolhimento de sua família e de seu castelo. Ela desejava que qualquer sensação de medo e instabilidade fosse evacuado de si. Ela não estava sendo nobre, e como já sabemos, ela só permanecia na floresta porque não conseguia voltar sozinha. Ela não era uma heroína, tampouco uma salvadora. Ela tinha crescido com a promessa de que se tornar Rainha de um pequeno Reino pacífico, mas sabia exatamente o que fazer em caso de situações extremas com humanos, o que é muito importante, nessa situação, pontuar. Ela não sabia como funcionava a política entre bruxos, druidas, enchantix ou ursos albendras. Na verdade, ela sequer sabia se existia política entre eles. Mas agora, sabendo que era metade bruxa metade humana, não tinha tanta certeza se estaria segura se voltasse para casa. Como seria capaz de viver com isso e mentir para pessoas tão próximas? E o que aconteceria se não conseguisse manter a mentira?
Sua confiança se desvaneceu tão rápido quanto o adejar de um beija-flor e ela fechou os olhos com relutância, resignando-se as suas temidas preocupações.
Distante de tudo o que havia ao seu redor, um estrondo repentino irrompeu o silêncio quando algumas peças metálicas caíram ao chão, fazendo com que ela se agitasse e se virasse de súbito.
— Edlyn... — Mackenzie disse, muito desconsertada ao vê-lo ali, de pé e parado.
Ela suspirou, hesitante enquanto se questionava cruelmente em até que ponto ele tinha ouvido? Ela não se orgulhava de boa parte do que havia dito ao oráculo e esperava que isso ficasse apenas entre eles. O que aparentemente não aconteceria, considerando-se a expressão de desapontamento e frustração de Edlyn. E embora ela estivesse presa a essa floresta, porque Edlyn assim desejava, Mackenzie sentiu-se muito envergonhada e arrependida. Só que o druida não se importava, porque independente de qualquer coisa, ela era uma bruxa, afinal e tudo o que ele conseguia pensar era:
— E ela pode vencer Europa? — Edlyn perguntou com uma voz assustadoramente fria.
O oráculo empertigou-se, fitando Edlyn com bastante profundidade até que gesticulou com a cabeça.
— Ela até pode... — ele respondeu irresoluto. — Mas ela precisa de preparo e isso vai levar tempo.
Edlyn engoliu em seco, pensando no grande desafio que estava prestes a enfrentar, pois além do tempo que levaria para ensiná-la, não havia ninguém que pudesse passar esse tipo de conhecimento adiante. Os bruxos estavam extintos e a única que lhe vinha à mente, estava morta.
— Você quer mesmo derrubar Europa? — Apollo perguntou, dirigindo-se a Edlyn novamente.
— É o único jeito de salvar a Floresta. — O druida respondeu. Suas palavras eram precisas. Não havia dúvidas. Não havia um relancear de hesitação em seus olhos, e Apollo viu que se ele não conseguisse salvar a floresta, morreria tentando. — Minha família está formando um exército, mas sem uma feiticeira forte, nós não passaremos de pedras no caminho dela. Se Anne precisa ser ensinada, então, encontrarei um jeito.
— Anne... — o oráculo repetiu com uma das sobrancelhas erguidas, fitando a jovem princesa com bastante interesse, enquanto tentava conter a entonação de surpresa em seu tom de voz. — Bem — Apollo deixou um suspiro no ar, antes de continuar a dizer — eu tenho uma proposta a fazer.
— Uma proposta... — Edlyn repetiu ao mesmo tempo em que Mackenzie havia pensado.
O oráculo maneou a cabeça concordando, antes de prosseguir.
— Sim. Uma proposta. Lute contra mim. Se vencer, ajudarei com o treinamento da bruxa.
Edlyn franziu o cenho com o desafio. Lutar contra um deus, mesmo que Mackenzie não tivesse essa informação, era loucura. Só que Edlyn era um guerreiro. Guerreiro não se desvencilham de uma batalha, mesmo que o seu oponente fosse imbatível. Então, com um manear de cabeça, ele aceitou e o oráculo jogou para ele uma espada ainda embainhada.
O druida abaixou o olhar para a espada em suas mãos, e seus olhos tão negros quanto a noite mais escura refletiam o brilho da espada, conforme ela era desembainhada.
Da mão de Apollo, uma espada tão brilhante quanto a de Edlyn se formara e a luta foi iniciada quando o druida desferiu o primeiro ataque.
O retinir das espadas se encontrando fazia Mackenzie se encolher temerosa entre os ombros, mas Edlyn era um bom guerreiro e estava à altura de Apollo, mas isso não garantia a sua vitória. Na verdade, quando a lâmina da espada afiada passou pela armadura do druida e deixou uma brecha no couro e na pele dele, ela já não tinha mais tanta certeza de que ele sairia campão.
Edlyn ergueu a sobrancelha, relanceando o olhar pelo corte enquanto o sangue vertia, para depois voltar a investir contra Apollo, que estava muito preparado para os próximos golpes. Ele realmente não era páreo para um deus e a derrota ficou evidente num golpe que derrubara Edlyn e Apollo fincara a espada não ao lado de sua cabeça, no chão.
— Isso foi surpreendente. — Apollo comentou, recolhendo a espada e esticando o braço para Edlyn que pegara sua mão para pôr-se de pé novamente.
— O que vai acontecer agora? — Mackenzie perguntou a ele.
Já era noite quando Mackenzie e Edlyn saíram do templo com os presentes dados pelo Oráculo. Edlyn carregara nas costas o belíssimo par de arco e aljava com flechas mágicas que nunca se findavam, e Mackenzie carregava diante do peito um exemplar de um livro de bruxarias que poderia ajudá-la a se desenvolver mais rapidamente como feiticeira.
— Iremos para um lugar seguro. — Edlyn informou bastante ríspido, e as palavras de Mackenzie reverberaram pela cabeça dos dois, quase que ao mesmo tempo.
— Isso não é justo. — Mackenzie exclamou, parando de andar, perturbada e incomoda com a sua própria consciência.
Vincos se formaram entre as sobrancelhas de Edlyn.
— Por que você simplesmente está ignorando o que me ouviu dizer ao Oráculo? — ela perguntou com a voz oscilante.
Edlyn não respondeu, dando de ombros e seguindo o caminho a frente. Na verdade, ele tinha muita coisa a dizer, mas se ela não se orgulhava do que havia dito, Edlyn também tinha muito do que não se orgulhar. Não havia nada que pudesse fazer para melhorar a situação, ou torná-los criaturas melhores. Então, o silêncio foi o melhor que ele pode fazer. Isso não indicava que tinha sido a melhor atitude, vista sob a ótica de Mackenzie, já que ela tinha entendido o gesto como se ele tivesse chateado e ressentido demais para dizer alguma coisa.
"Agora ele sabe que menti..." ela estremeceu ao relembrar as palavras do oráculo. Ele a tinha chamado de princesa. Mackenzie fechou os olhos e deixou o braço livre cair ao lado do corpo.
☆☆☆
Bom galerinha, por hoje é isso! Se você gostou deixe a sua estrelinha! Capítulo pequeno para fechar esse tópico.
Ei, conte-me nos comentários o que você tem achado de R.P.? Acha que tem potencial?
Diga-me o seu ponto de vista quanto a esse estranho relacionamento de Edlyn e Mackenzie. Deixa aqui as suas expectativas e o que você está esperando, pois eu vou amar conversar sobre!
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Reino Perdido [Concluído]
FantasyMackenzie é a legítima Herdeira do Trono de Parga. Coroada desde o berço, cresceu ao lado de seu pai, um Rei extremamente controlador e amargurado, que sempre fez o possível para mantê-la distante dos perigos que sabia que rodeava o exterior do Cast...