My Girlfriend Is a Witch • Sillie

(6) - Você não...?

Eu nunca conheci minha mãe.

E talvez esse fosse o motivo pela qual eu não me sentia feliz por completo. Agradeci por Lasle não estar na mesa conosco, caso contrário poderia saber tudo que estou pensando. E eu não quero isso.

Millie, ao meu lado, estava comendo uvas e de vez em quando me oferecia, mas eu sempre recusava. Quero essa fartura em Lightcyandawn, e não no meio de bruxas.

- Sadie! - Swan'gan se voltou para mim e sorriu. - Parece que ainda tem cinco de nós, o que te levou a não cometer um crime enquanto estávamos dormindo?

- Porque está fraca, é óbvio - Lasle volta de algum lugar, segurando uma cesta com cogumelos e trufas. - Não devemos confiar nela.

Swan'gan, Lasle e Sophie sorriem. Eu levanto da mesa.

- Fuja, guerreira. - Swan'gan debocha.

Esse lugar parece um labirinto, e a única forma de não me perder é ficar ao lado de Millie enquanto ela fala sobre estrelas e fases da lua, mas ela não está aqui. Mantenho a cabeça baixa, já que quando estou com raiva começo a ficar com o rosto vermelho.

Uma das cabanas parece diferente, e não faço ideia de quem vive ali. Mas que se dane, essas bruxas me querem longe daqui mesmo.

Me aproximo tentando espiar pela janela, mas tudo que vejo é uma escuridão completa. Já por baixo da porta, uma iluminação com tons azuis e roxo. Piso no primeiro degrau, e quando encosto minha mão na madeira, o barulho de galhos quebrando me interrompe.

- Sadie! - Millie recuperava seu fôlego, vindo até mim. - Não abra essa porta, por favor.

Recuo para trás e ela parece aliviada.

- Por que não me diz logo onde é a saída daqui? - Falo enquanto puxo algumas folhas das árvores. - Assim vou embora e vocês bruxas continuam em paz.

- Swan'gan... Bem, é apenas a Swan'gan. Mas eu posso ser sua amiga, se quiser.

- Não serei amiga de uma estranha, ainda mais uma bruxa.

- Tudo que tentamos fazer é para tentar ajudar o povo. Por que não percebeu isso?

- Porque são bruxas - Finalmente parei e então virei para ela. - E sabe o que as bruxas fazem? Jogam maldições na terra de Lightcyandawn.

- Não jogamos por vontade própria - Millie parecia irritada. - Se uma só bruxa não é capaz de curar, então posso tentar novamente, com a nossa líder.

- Ela não é minha líder. E por que faria isso, além de tudo? Se não são de M'ellkag, onde estamos?

- Nossas terras não podem ser vistas pelo mundo exterior, a não ser que uma bruxa traga alguém lá de fora.

Millie se aproxima de mim e segura meu braço forte, me guiando até um campo... Vazio.

- É a saída? - Pergunto, me livrando da sua mão.

Ela fecha os olhos e parece se concentrar.

- O que você está...

Em poucos segundos, não há mais vazio. E sim, o mundo lá fora, completamente normal.

Minha cara de espanto e nítida. Como é possível que ela consiga fazer isso?

Quando fechou os olhos novamente, peguei meu punhal e estava prestes a cravar em seu pescoço, mas algo — Ou alguém fez com que minha mão continuasse parada, por mais que eu tentasse fazer o que queria.

- Não faça isso. - Sophie suplica, sua voz está extremamente baixa.

Millie se vira para trás. Encara Sophie e em seguida para onde ela está olhando.

No caso, eu. E para o punhal depois.

- O que você estava pensando em fazer? - Ela começa a me dar empurrões descontrolados. E está com raiva. - Eu nunca te fiz nada, Sadie, então por que está fazendo isso?

- Porque você é uma bruxa - Finalmente ela parou de me empurrar e colocou as mãos na cabeça, se afastando. - É uma bruxa, eu não posso confiar em bruxas.

- Para - Balançou a cabeça. - Para, para, para com isso agora.

Coloquei o punhal na minha bota novamente e parei de olhar para Millie. As outras estavam me observando de longe.

- Abre - Mandei. - Faz aquela coisa maluca de novo.

A bruxa se endireitou a fez aquela mesma coisa de antes.

- É melhor não voltar. - Swan'gan alerta.

Do que adiantaria disparar uma flecha? A telecinese de Sophie provavelmente iria parar. Ou se acertasse, Millie traria ela de volta a vida.

Que nem fez comigo.

Olhei para ela mais uma vez antes de sair, e então, quando eu já estava do lado de fora, aquela espécie de barreira se fechou novamente, e a última coisa que vi foi a frustração no rosto da bruxa.