Capítulo 18

989 84 14
                                    

Estava quase no final da semente novamente, o que significava que a reunião estava cada vez mais próxima, assim como a viagem de Lucien.

Era madrugada quando acordo, tenho quase certeza que vejo o quadro na parede tremer, como se a casa estivesse com tremores, sútil, mas ainda perceptível.

Levanto da cama caminhando a passos silenciosos até a porta, poderia ser problemas ou...

Quando abro a porta vejo Lucien no corredor também, um olhar para a porta do quarto de Feyre e eu confirmei minhas suspeitas. Lucien percebe que estou na porta, e caminha silenciosamente, como a raposa que era, até a minha porta.

- é sempre assim? - dou espaço para ele passar, não ia ficar conversando no corredor, afinal, não queremos atrapalhar o...momento.

- eu avisei que ninguém liga se tem alguém em casa - o quadro na parede novamente treme, ele percebe e começa a rir, baixo o suficiente para somente eu ouvir.

- você ainda não viu quando eles estão nas montanhas - fecho a porta atrás de mim.

- é tão ruim assim?

- repito, ninguém aqui é discreto.

De certa forma me acostumei quando acontecia, procurava sempre dormir novamente, e colocar um travesseiro por cima da cabeça. Apesar de que agora estava mais sútil, não sei o que fizeram para conseguir esse feito, mas não duvido que tenha barreiras.

- ainda bem que mais tarde começo minha longa jornada - Lucien apoia as costas contra a parede ao lado da porta.

Já tinha voltado para a cama, estava sentada com o lençol cobrindo minhas pernas.

- você vai hoje?

Sabia que ele ia logo, mas não sabia que estava tão perto. Levanto o lençol batendo com a mão no lado vazio da cama, indicando para ele sentar também, ele entende o recado e sinto o colchão afundando ao meu lado quando ele senta.

- sim, a reunião está perto, e Rhysand quer que estejamos presente também, foi uma exigência - vejo pelo canto do olho ele encolher os ombros.

- dorme aqui então - meu olhar encontra o dele, sabia que se olhasse para ele assim acabaria concordando.

Lucien concorda.

Não disfarço o sorriso vencedor, conhecia ele o suficiente para saber como o fazer concordar, ou saber quando estava pensativo, quando algo estava o preocupando, quando a conversa o estava entediando. Quando isso acontecia ele apoiava a cabeça para trás e começava a olhar para o teto, como se estivesse pedindo para a mãe levá-lo.

- quando vai? - minha pergunta não é apenas curiosidade, eu tinha planos, só não vou revelar para ele, não agora.

- depois do café da manhã - percebo ele piscar, o semblante sonolento.

- então precisa dormir.

Ele apenas concorda com a cabeça e deita indo para baixo do lençol, seus cabelos se espalham pelo travesseiro, as mechas ruivas em contraste com o branco. Não demorou muito para ouvir a respiração serena, a boca dele levemente aberta, apenas o suficiente para o ar sair, afasto uma mecha que caía por seu rosto e deixo um beijo em sua bochecha, ele nem ao menos se mexe.

Mergulho para baixo dos lençóis também, mas não deito a cabeça no travesseiro, deito no peito do macho ao meu lado, com a falta da camisa conseguia sentir seu calor reconfortante, assim como as batidas do seu coração eram ouvidas, como nas muitas noites que consegui ouvir pelo lado. E embalada pelo calor do seu corpo e as batidas frenéticas do seu coração eu adormeci, estava sorrindo quando fechei os olhos.

Corte de flores solaresOnde histórias criam vida. Descubra agora