Corte de flores solares

Capítulo 22 - Invernal e Crepuscular

Estávamos atrasados.

Completamente atrasados.

Acordamos mais tarde do que deveríamos, e só tivemos tempo de vestir as roupas quentes para ir até a Corte Invernal.

Foi quase insuportável usar as roupas forradas em lã durante o caminho da Corte Estival até a Corte Invernal, mas depois não teríamos tempo para trocar, e entrar na corte com roupas leves era uma missão impossível, com certeza congelaria antes de dar o primeiro passo.

- já é quase metade da tarde, como nos atrasamos tanto?

Sinto o frio quando entramos na corte, levanto o capuz do casaco azul, minhas mãos estavam cobertas por luvas e usava calças quentes, assim como botas forradas em lã.

- dormimos muito e demoramos para chegar, vamos ter que passar a noite e amanhã seguir para a Crepuscular.

Lucien estava com o olhar estranho enquanto observava a corte.

- lembranças, de quando estava fugindo com Feyre - ele responde quando percebe que eu estava encarando demais.

Não soube muito sobre o assunto na época, ainda estava afundada em tristeza, recém feita, a única coisa que fazia era olhar pela janela da casa do vento.

- os anos foram generosos.

- muito.

O resto do caminho é feito em silêncio, aproveito o momento para observar a Corte, tem a beleza própria, igual as outras, cada uma com suas características marcantes.

Era possível ver animais de pêlos brancos caminhando por entre as árvores cobertas de neve.

Durante o caminho vejo trenós passando pelas ruas cobertas de neve, minha curiosidade fica aguçada, como seria andar em um desses?

- você quer andar em um? Podemos ir de trenó até a residência de Kallias e Viviane - Lucien abaixo o corpo, o suficiente para falar perto do meu ouvido, o hálito quente aquece minha orelha me causando arrepios.

- eu... - estava em dúvida, mas não sabia quando seria a próxima oportunidade para andar em um - eu quero.

- venha - ele segura a mão enluvada com a minha.

Seguimos até uma cabana onde vários trenós estavam postos um ao lado do outro, Lucien conversa com um dos féericos que cuidava do lugar e logo um dos trenós estava sendo preparado.

Tento conter a animação, aperto as mãos juntas e evito dar pulinhos contentes.

- se está tentando não demonstrar animação, não está funcionando - Lucien tira os flocos de neve que acumula em meus ombros.

- estou empolgada para o passeio, e você também está, consigo perceber isso - meu olhar fica estreito quando lançado para ele.

- talvez eu esteja - ele balança os ombros e olha para o outro lado.

- você é péssimo em disfarçar.

Digo enquanto caminho para o trenó que já estava pronto, Lucien me ajuda a subir e depois senta ao meu lado no banco coberto por uma espécie de manto de pêlos brancos em lã.

- está confortável? - ouço Lucien perguntar.

- estou sim.

Sinto seu corpo ficar mais próximo do meu, ele envolve meus ombros com um dos braços e me puxa o mais perto que podia, deito a cabeça no ombro dele e fico observando a vista quando o trenó por fim começa a andar, sendo guiado pelo féerico que nos atendeu.