Capítulo 11

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Estava arrumando os vasos nas prateleiras mais altas, esse era o processo mais longo, eu tinha que pegar um vaso, subir na escada, colocar na prateleira, descer, trocar a escada de lugar, pegar um vaso, subir e fazer tudo de novo. Eu sou a mais baixa de minhas irmãs, e as vezes gostaria de ter a altura de Nestha, com certeza os dez centímetros a mais fariam diferença nesse momento, pois eu não conseguia alcançar a maldita prateleira, apenas com a escada.

- Elain? Lucien está aqui - Reiny avisa entrando na estufa.

Ótimo, vou fazer ele colocar os vasos no lugar para mim.

- diz para ele entrar aqui - reparando em Reiny agora ela tinha o mesmo tom de rosado de quando conheceu Lucien.

- está bem - ela sai apressada.

Nem meio minuto depois Lucien já estava entrando na estufa, eu tinha descido da escada e colocado no canto, ele não ia precisar usar ela.

- ainda bem que chegou, preciso de um favor.

- boa tarde para você também, Elain, e qual o favor? - seu tom é irônico no início, o que me faz bater em seu braço.

- preciso que coloque esses vasos na prateleira de cima, já estão em ordem, então é só colocar no lugar, por favor - junto as mãos na frente do corpo em sinal de pedido.

- só isso? Ok - ele pega os vasos começando a colocar um por um no lugar, seu trabalho estava sendo bem mais rápido que o meu.

Aproveito para arrumar a terra em um vaso maior que ainda plantaria, levo as mãos para dentro sentindo a textura da terra, estava perfeita para receber a muda de uma flor, a pego em cima da mesa com todo o cuidado necessário até levar para o vaso, o lugar já estava pronto e apenas arrumo para estar bem plantada.

Quando desvio o olhar para Lucien ele já colocava o último vaso no lugar, a prateleira estava completa e colorida. Levanto e caminho até parar ao lado dele, levou menos da metade do tempo que eu gastaria para terminar de arrumar tudo.

- obrigada, de verdade - quando levo o olhar para seu rosto tinha um pouco de terra em sua testa, e na tentativa de ajudar passo a mão tentando tirar, mas esqueci que minhas mãos também estavam sujas, fazendo com que sua testa ficasse com mais terra ainda - me desculpa, tinha terra e eu tentei tirar, mas piorou a situação.

Tento não rir quando ele faz uma careta e leva a mão para a testa, seus dedos saem sujos, mas ele sorria, um sorriso travesso, como o de quem iria aprontar. Seu olhar volta para meu rosto e então sinto seus dedos em minha bochecha, a terra agora grudando em minha pele.

- tinha um inseto, desculpa - ele encolhe os ombros despreocupado.

- pois também tem um no seu - minha mão agora encontra a bochecha dele, como um carinho, fazendo a terra grudar no local.

- tem um aqui também olha - ele coloca a mão em um vaso com terra e depois passa em minha outra bochecha.

- isso é guerra? - meu olhar fica mais estreito, claramente um desafio aceito.

- uma guerra que com certeza vou vencer.

- você escolheu o pior inimigo, Lucien - falo seu nome de forma demorada, ele sorri e enche as duas mãos de terra.

Em segundos a estufa vira um campo de guerra, nossas armas eram apenas as terras soltas espalhadas pela estufa. Consigo deslizar as mãos cheias de terra várias vezes pelo rosto de Lucien, o meu não estava muito diferente, sentia a pele grudando em meu rosto, meus braços, no pescoço, e tenho certeza que entrou terra na minha roupa também. A camisa bege que ele usava já estava toda manchada, seu pescoço e rosto cheios de terra.

Corte de flores solaresOnde histórias criam vida. Descubra agora