This Night

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— Não me olha assim, com esse olhar — suspirou Gabriela, puxando seus tênis. Ela estava sentada no chão ao lado de Natália, se preparando para a sessão de treinamento matinal, e já estava se arrependendo de sair da cama e pular a segunda xícara de café.

— Que olhar? — Natália perguntou enquanto puxava as meias para cima e ajeitava as joelheiras.

Gabriela empurrou a mão contra o lado do rosto de Natália e a empurrou para o chão.

— Pena não ajuda ninguém, então não me dê — resmungou Gabriela, terminando de amarrar seus tênis.

— Não estou com pena de você. Eu nunca tive pena de você. Eu me preocupo com você às vezes, e te amo o tempo todo, mas não tenho pena de você, — disse Natália, inclinando-se para as mãos dela.

Gabriela acabou de dar de ombros. — Eu estou bem.

— Você não precisa mentir e dizer que está bem. Eu ficaria mais preocupada ainda se você estivesse bem depois de tudo, — suspirou Natália.

— Eu sou- — Gabriela suspirou, passando as mãos pelo cabelo e depois descendo o rabo de cavalo. — Ok, eu não estou bem hoje e não estava bem ontem. Então, estou feliz por não ter aparecido no treino.

— Estou feliz que você aproveitou o dia, se era disso que precisava, — disse Natália. — Não que você não tenha perdido nada, suas crianças perguntaram sobre você.

Gabriela meneou a cabeça silenciosamente por um segundo, apertando a garganta. — Como elas estavam?

— Sheilla parecia sobrecarregada quando eu pedi a ela para ajudar, mas ela conseguiu, — comentou Natália, lembrando como elas a fizeram correr atrás das meninas durante todo o treino.

Gabriela não pôde evitar, um pequeno sorriso puxou seus lábios com a menção da morena que estava permanecendo em seus pensamentos e em sua mente e talvez até mesmo em seu coração, tudo sem sua permissão.

— Eu teria pago para ver isso — respondeu Gabi.

— Ela perguntou sobre você, — Natália murmurou, tentando agir o mais despreocupada possível.

Gabriela ignorou a maneira como seu estômago tremulava, optando por se concentrar no peso que persistia dentro dela. Aquele que a lembrou que ela não estava bem e não tinha o direito de trazer mais ninguém para essa equação, muito menos dois raios de sol.

— É bom saber, — sussurrou Gabriela.

— É bom saber, — assentiu Natália com a cabeça. — Ela parece muito legal e tranquila, e como alguém que você escolheria.

Gabriela balançou a cabeça. — Eu não posso, Nat. Eu sou uma bagunça e elas não serão as únicos em quem eu descarrego.

— Você não é uma bagunça. Por que você não deixa Sheilla decidir se ela está disposta a...

— Porque não é só em Sheilla que eu tenho que pensar, — Gabriela respondeu de volta, levantando-se, queria encerrar essa conversa.

— Sheilla nunca faria nada para colocar Alex em uma situação ruim, e você sabe disso — argumentou Natália.

— Então ela nunca deveria ter começado a me trazer cafés. — Gabriela murmurou, correndo para longe e indo para a quadra em que seriam realizados os aquecimentos.

Somebody ElseOnde histórias criam vida. Descubra agora