Bleh

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— Gabi  não quer panquecas hoje? — Alex perguntou, inclinando a cabeça para o lado enquanto deslizava a espátula sob uma panqueca, com a língua saindo da boca em concentração.

— Eu não acho que ela esteja se sentindo muito bem esta manhã — disse Sheilla, sentindo-se exausta pela falta de descanso da noite passada, preocupada com Gabriela e com a maneira como ela saiu de seu apartamento.

— Hora da canja? — Alex sorriu com Sheilla.

— Eu não acho que canja, vai resolver algo dessa vez, tutuca — disse Sheilla, ajudando Alex a virar a panqueca.

A testa de Alex enrugada em pensamentos. — Por quê?

Sheilla mexeu no cabelo, pensando em como explicar isso a Alex sem compartilhar muito, sem tirar a oportunidade de Gabriela de contar sua própria história para Alex.

— Você sabe como se sentiu quando teve que ver Mari no parque e simplesmente não se sentiu bem? — Sheilla perguntou, tentando ajudar a filha a entender.

Alex enfiou a língua da boca e estragou o rosto. — Bleh — ela respondeu, balançando um pouco a cabeça.

— Exatamente. Você não estava doente, mas não se sentiu bem. Acho que Gabi está se sentindo meio assim agora — disse Sheilla.

Os olhos de Alex ficaram grandes e um pouco tristes com o pensamento. — Ela está bem, mamãe?

— Acho que ela vai estar um dia, mas agora, ela simplesmente não se sente bem.

Alex franziu a testa e voltou sua atenção para as panquecas. Ela ficou quieta por alguns momentos cutucando a borda de uma panqueca com a espátula.

— Vou abraçá-la muito forte hoje — murmurou Alex, quase para si mesma. — E podemos tomar sorvete e eu vou compartilhar o meu de marshmallow com chocolate com ela.

— Isso é muito gentil da sua parte, filhota. Mas Gabi pode não querer nenhum sorvete hoje — explicou Sheilla, tentando preparar Alex para o caso de Gabriela ainda precisar de espaço sozinha.

Alex virou a cabeça, um olhar alarmado no rosto. — O quê? Sem sorvete? Ela deve se sentir muito mal.

— Sim, ela se sente muito mal — balançou Sheilla.

— Quem é a Mari dela? — Alex se perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

— Eu não acho que a Mari dela seja uma pessoa. Mas eu acho que isso é algo que Gabi deveria te dizer, certo? Você provavelmente prefere ouvir as histórias importantes dela, certo? — Sheilla perguntou.

Alex balançou a cabeça pensativamente. — Eu gosto quando Gabi me conta histórias — concordou ela.

— Acho que essa história é algo que ela tem para te contar. Eu não acho que você deveria perguntar a ela. Quando ela estiver pronta, ela lhe dirá o que a faz se sentir "bleh" — Sheilla parafraseou a filha imitando seu gesto anterior — E até lá, você pode dar a ela seus grandes abraços e seu sorriso adorável — murmurou a mãe, beijando o topo da cabeça de Alex.

Alex sorriu junto à Sheilla, exibindo aquele sorriso adorável. — Negócio fechado! — respondeu Alex, segurando o punho.

— Parece um bom negócio — sorriu Sheilla, batendo o punho contra o de Alex.

⋆·˚ ༘ *

Gabriela espirrou água no rosto, querendo a temperatura gelada para acordá-la. Mas se as quatro xícaras de café que ela tomou hoje não tivessem surtido efeito, um pouco de água fria no banheiro do vestiário não consertaria magicamente as coisas.

Somebody ElseOnde histórias criam vida. Descubra agora