Três semanas caóticas se passaram desde que a carta de Nana veio a conhecimento público, a escandalosa hipótese de que seu marido teria sido assassinado fora demais para a viúva, anciã e já debilitada que sofrera uma parada respiratória assim que soube, ainda que depois do ocorrido ela se recuperasse lentamente recusou-se a ater-se a cama ansiando para que a exumação do corpo trouxesse pistas mais concretas do caso. A herdeira do clã Edwards, às vésperas de dar à luz, naturalmente fora poupada de toda a investigação, bem como do estado de saúde da mãe. Phillipe, Annastácia e Jade mantiveram tudo em segredo, além disto era necessário que Austin não desconfiasse de nada.
Uma dose mortal de cianeto foi identificada nos restos mortais do falecido Lorde e a carta da empregada de confiança da família, aliada aos desfalques financeiros comprovadamente causados pelo Duque eram provas suficientes para dar início a investigação e anunciar a prisão preventiva dos suspeitos. O plano agora era revelar a viúva os verdadeiros culpados pelo crime, e aí então apresentar o caso formalmente a polícia e expedir o pedido de prisão contra Austin Mahonne, de modo que fosse possível tirar Perrie de seu poder com segurança.
Phillipe já havia enviado um recado avisando que estaria a caminho, era como se mil estrelas explodissem dentro de seu peito, Annastácia sabia que o sofrimento finalmente terminaria e nada no mundo a poderia trazer tanta alegria. Por isso ela ficou intrigada quando Lady Edwards pediu que se apresentasse em seu escritório horas depois de se reunir com o advogado da família.
— Sim, Lady Edwards?
— Sente-se, por favor querida.
Anna acomodou-se na poltrona de veludo ao lado da senhora Edwards, próximas a janela os ventos sopravam congelantes anunciando o inverno daquele ano.
— É engraçado pensar que eu tinha tanto medo de quando esse dia chegasse. Meio de Dezembro, inverno, a celebração do Natal — Disse Lady Deborah fungando alto, enquanto sua cabeça pendia para baixo desoladamente — Depois que meu George e Nana partiram, não teria mais sentido comemorar estas datas sem eles. Com a minha filha longe eu me sentiria mais sozinha que nunca. Mas, isso mudou com a sua chegada.
— Oh, senhora Edwards – Annastácia expressou surpresa e emocionada.
— Chega a ser inapropriado, até vergonhoso que uma velha como eu esteja tão apegada a você. Uma mocinha com tanta vida pela frente, eu sei. De alguma maneira você lembrou-me como eu costumava ser alguns anos atrás. Impetuosa, cheia de sonhos, espiritualizada.
— A senhora ainda é tudo isso, uma mulher admirável!
— Oh, não, não minha cara. Costumava pensar que meu George era casado com a política e não comigo, sabe? Que ele se dedicava mais a carreira do que ser apenas meu marido. No entanto eu nunca notei que de alguma maneira eu fiz o mesmo, me dedicando a um papel que eu nunca quis na verdade. Tudo para satisfazer uma mãe exigente que nem mais em minha vida permanece.
Anna pegou a mão da Lady em consolo e sorriu.
— A senhora não ficará sozinha este natal. Eu estou aqui. Sabe que vossa senhoria também me lembra de alguém? Minha avó. Ela faleceu no início do ano.
— Sinto muito. Me felicita muito ter essa importância para vós, só me faz ter ainda mais certeza de que tomei a decisão certa hoje.
— Decisão? – Annastácia estava confusa. Lady Deborah inclinou-se alcançando uma papelada disposta sobre a mesa entregando-a nas mãos da dama de companhia.
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Uma Dama Para Lady Edwards
FanficA Viena do século XIX caminhava para o progresso desatando as amarras da escravidão, com seus heróis aclamados nas altas cortes, enquanto o povo liberto permanecia cativo, seus carrascos agora nomeavam-se fome, medo e desabrigo. A jovem camponesa Le...