A musa das minhas canções

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     Perrie finalizou os últimos retoques da pintura no rosto. Austin havia chegado a alguns minutos e Leigh havia ido embora um pouco antes já que o emprego dela não era integral, ela deveria se ocupar em ajudar sua vó. Perrie pensou sobre sua tarde na modista que havia sido muito agradável, ela já estava se acostumando com a nova companhia, apesar de um pouco destraída e de lentos reflexos, Em sua mente, ela se perguntava o que se passaria na cabecinha confusa de sua dama naquele momento.

     A Lady desceu as escadas, acreditando que se demorasse um pouco mais a mãe certamente chocaria um ovo em meio a sala, mas ela se enganara. Adentrou o recinto e para sua surpresa, a grande senhora estava tranquila sentada em um dos sofás ao lado do marido, ria de forma contagiante e a frente deles estavam, Duque Mahone, a Duquesa, e claro o filho deles Austin.

- Boa noite, a todos.- todos a olharam imediatamente, essencialmente Austin que tinha um brilho apontando no olhar.

- Boa noite, minha filha.- O pai e a mãe responderam em coro, em seguida vieram os cumprimentos do Duque e a esposa.- Boa noite, Perrie.

- Boa noite, Lady Perrie permita-me.- Austin aproximou-se, e beijou- lhe a mão.- É extasiante finalmente poder conhecê- la, ouvi maravilhas a respeito de vossa encantadora personalidade

- Fico lisonjeada com tamanha atenção, de vossa parte, Austin. O mesmo ouvi falar de sua pessoa.- Sem dúvida Austin era galanteador, bonito e agradável, mas nada que a impressiona- se de verdade, a bem da verdade seu primeiro encontro com Leigh- Anne fora infinitamente mais interessante.

- Sente- se querida, Austin estava agora mesmo contando uma anedota maravilhosa, a respeito de uma viagem que fez com o pai conte a ela, Austin.

- Não creio que Perrie, interesse-se por tais histórias.- O homem a encarou demonstrando compaixão, como se esperasse da nobre um pedido para que ele continuasse a tal anedota.- Estou certo, Perrie?- Internamente com seus pensamentos ela estava completamente entediada, a última coisa que tinha interesse naquele momento era na história que ele se disponibilizara a contar, mas já sentindo o olhar da genitora sobre si, não viu escolhas.

- De forma alguma Austin, prossiga com a história, estou curiosa.- Lançou-lhe um meio sorriso, autorizando o inicio da anedota, aquela certamente seria uma longa visita.



    Ela estava sentada em uma das mesas da taverna a espera do término do último show da noite, naquele dia em especial, a apresentação que havia feito a deixara intrigada quando um romântico inconsolável e deploravelmente bêbado, pediu- lhe que cantasse uma cantiga de amor alegando estar com o coração partido, ainda ria sozinha ao lembrar de outro cliente igualmente alterado que viera ao socorro do primeiro em  desespero, tentando leva- lo ao médico julgando que um coração partido era grave enfermidade.

     O estranhamento se deu após a confusão sessar logo nos primeiros versos da canção a cantora se pegou pensando em Perrie, a cada verso pronunciado uma curva de seu corpo desenhava-se em sua mente, de inicio as partes inferiores, suas pernas, passando pelo abdômen, os braços e mãos de dedos longos, delicados, então seu elegante pescoço alvo se revelou, sobre ele a cabeça envolta pela cabeleira loira abundante, fios de ouro adornando seu rosto angelical, seus olhos azuis se desenharam e pareciam piscar, os lábios se denominados a curva mais bonita de seu corpo de sorriso aberto, e já estava no ponto alto da cantiga a nota alta fora de uma extensão e execução impecável, que raramente lhe acontecia. Até vir a calar-se subitamente percebendo aonde aqueles pensamentos a levariam se repreendeu mentalmente, enquanto a multidão clamava por um bis,  curvou-se em agradecimento deixando o palco ainda confusa.

     Desde o episódio na loja estava daquela maneira, e por mais que se sentisse bem pensando nela ainda parecia errado de alguma maneira, buscou algo a sua volta na esperança de abstrair- se de tais pensamentos não havia sinal de Austin aquela noite, um outro assunto que a deixava desequilibrada, beijá- lo naquela noite havia sido precipitado, nunca havia sido assim. O que estava acontecendo consigo?

    Apesar de tantas complexidades, uma coisa estava clara havia um interesse por Austin no qual parecia-lhe atraente investir, afinal namorar um pouco a faria bem, mas estas sensações fortes que tinha perto da Perrie a deixava estranhamente envolvida parecia errado, talvez fosse melhor apagar essas sensações de sua mente, desejava que houvesse receita para tal.

    Perdida em pensamentos, quase não notara que aos poucos a taverna se esvaziava, os bêbados já estavam sendo "gentilmente" convidados a se retirarem no ritmo da calma música ambiente, que a embalava em um doce súbito sono, despediu- se do pessoal e seguindo para casa a pé procurando não pensar em nada.



    Cinco anedotas intermináveis depois que decorreram durante todo o jantar e sobremesa, Perrie e Austin tomaram um tempo na varanda da casa, pela primeira vez a sós desde que de conheceram.

- Não pude deixar de notar seu desinteresse durante o jantar, perdoe- me sei que minhas histórias podem se tornar massantes ás vezes.- Austin estava tentando, ela precisava confessar mesmo que não mostrasse nenhum interesse em facilitar as coisas para ele.

- Eu é que devo pedir desculpas, tive um dia um tanto cansativo e não pude dar- te a devida atenção.

- Se quando cansada você se encontra tão bela, já a imagino disposta seria a mais doce das criaturas.- Sorriu com o inesperado elogio e se aproximou afim de demonstrar um pouco de afeto pelo pobre rapaz.

- Você é deveras um príncipe, merece uma princesa que seja menos insensível que eu.

- Eu não me importo com pequenas coisas como essa, diante de você, não há outra que me sobressaia ao pensamento.- Austin abeirou-se, acariciando a maçã esquerda de seu rosto, fazendo com que ela encolhesse ao toque, mas não recuou seus lábios selaram os dela inconsequentes, ainda assustada permaneceu de olhos abertos olhando os olhos fechados do atrevido, enquanto a boca dele pedia uma maior abertura, cedeu, cerrando ela também suas pupilas em seguida, o beijo seguiu o curso esperado foi calmo e pautado até ser quebrado devagar.

- Ah.. Talvez fosse melhor entrar.- Perrie Balbuciou para quebrar o silêncio, daquela situação que era estranhamente, estranha por assim dizer.

    Austin assentiu e seguiram para dentro sem mais palavras. Ao chegar, foram interpelados com mais algumas chatas histórias, dessa vez da viagem da mãe a Inglaterra quando ela "conheceu" o rei, mesmo tendo o visto a quilômetros de distância, repetia o conto como se tivessem conversado como amigos íntimos.

    Algum pouco tempo depois Austin e família se despediram, ele beijou-lhe a mão novamente, olhando diretamente em seus olhos, a nobre corou por um breve instante. A família Mahone viajaria por alguns meses, mas Austin ficaria por cerca de mais três dias, para resolver algumas pendências na cidade antes de seguir os pais, ao sair prometeu voltar a visitá- los antes de partir em definitivo.

    Perrie recolheu- se ao quarto tentando organizar pensamentos, não tinha certeza se havia ou não gostado daquele beijo, por mais que Austin não a interessasse tanto sabia que a mãe estava certa, já estava na idade de se casar e Austin não parecia de todo ruim, já em sua camisola deitou-se e quase dormindo de súbito veio a lembrança de Leigh- Anne sorrindo maravilhada, ao vê-la dentro  daquele vestido vermelho e como  aquilo surpreendentemente parecia mais sincero que os elogios de Austin. Leigh- Anne naquele momento pareceu a melhor parte do dia.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora