Chefe

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      Leigh-Anne nunca se sentira tão aflita, já anoitecera e o único sinal de melhora que recebera da avó fora duas tosses secas em um intervalo de duas horas entre elas, mas seguia firme em suas orações, se recusou a sair do lado da enferma nem mesmo por um minuto implorando a Deus que a livra-se do fantasma da perda.

     A tarde houvera a visita de uma freira do convento, que veio prestar seus serviços de oração e conforto elas prestavam estas pequenas visitas aos acamados da cidade como obra de caridade e fé. E ainda mesmo que constrangida, a irmã, foi descreta ao cobrar a mensalidade do colégio de Anastácia a caçula, que já estava indo para o segundo mês de atraso.

     Aturdida a camponesa pediu um pouco de tempo e compreensão a religiosa, que compadecida deu-lhe uma semana. Era muito pouco tempo, para nenhum trabalho. Ao pegar o dinheiro que lhe cabia de madame Luthai ela teria uma difícil escolha a ser feita.

     Usar o dinheiro para comer e pagar os remédios para a avó, tendo que abrir mão do sonho de sua irmã de se tornar professora, ou comprar alimento e continuar pagando seus estudos, mas a comida que seria possível comprar seria quase inexistente, morreriam de fome, de forma literal.

   Foi difícil segurar as lágrimas, nem mesmo se atreveu a ir para a taverna receber seu pagamento, não podia deixa-la sozinha ali.

- Huuunf...filha? – A senhora se movimentou, tentando abrir os olhos, com dificuldade tentou girar o rosto na direção da neta.

- Não vovó, não se mecha ainda. A senhora precisa descansar, ainda está muita fraca.

- Eu não me lembro do que aconteceu, acho que eu cai.

- Sim vovó, a doença avançou bastante, não se preocupe a senhora ficará melhor, eu lhe prometo.- Acariciei seu rosto, o sorriso suave e contido não denunciava o quão fraca ela se encontrava.

- Tenho dado trabalho, não é? Desculpa sua velha vó, só atrapalho querida.

- A senhora nunca me atrapalha. Nunca mais diga isso. Eu te amo, não quero perde-la.

-Mais vai meu anjo, um dia eu me vou, não somos pra sempre. Todos nós somos feito do...

- Pó das estrelas.-Falaram juntas, a velha senhora tentou secar as lamúrias da mais nova com a palma da mão, que tremia constantemente.

- Não querida, não chore. Você foi a taverna para recolher a parte que lhe cabe do dinheiro? Sei que isso é importante pra você.

- Importante para nós vovó eu, anastácia e você. Não fui, não a deixaria mas irei sim amanhã.

- Tudo bem.

Alguém bateu na porta vagarosamente. As duas se entreolharam por um minuto antes que Leigh se levanta-se para atender.

- Quem será a esta hora?

- Boa noite, Leigh. Soube de sua avó ela está bem?- Leny,o batender da taverna perguntou.

- Olá Leny, está melhor com as graças de Deus, entre.

- Obrigado, mas não posso me demorar minha mulher e filhos me esperam para jantar, vim apenas dar-lhe um recado.

- Sim, do que se trata?

- O novo dono da taverna deseja vê-la. Você é a única funcionária que não foi buscar a parte que lhe cabe do último pagamento.

- Oh claro, irei lá amanhã de manhã.

- Não sei o motivo, mas ele insistiu que seja esta noite.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora