Orquídias e Lírios

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    A jovem camponesa apertou a cinta de seu vestido mais uma vez para que ficasse firme e justo em no corpo, estava tão magra que os ossos já começavam a mostrar-se em um fino contorno, quase prestes a se tornar um esqueleto completo, tamanha era sua fome. Nos últimos dois dias os alimentos estiveram mais escassos que nunca e o que tinha não dava para alimentar a si e a avó.

   Sem que a velha senhora soubesse ela escondia sua comida no jantar e guardava para servir a ela no dia seguinte, se repartisse para as duas duraria menos, mesmo fazendo somente uma refeição por dia, preferia guardar a parte que lhe cabia para a avó que já estava muito fraca e doente. Por ser jovem e mais forte que ela poderia suportar.

- Vovó, traga pra mim estes lírios na mesa! Quero enfeitar meus cabelos.- Gritou para a parente que estava na cozinha, mas talvez não tivesse ouvido e não recebeu resposta.- Vamos vovó irei a venda hoje, tentar penhorar as antigas tigelas de prata pra conseguir mais dinheiro.

Continuou a perambular pelo quarto a procura de grampos para prender o cabelo e como a avó nada respondera decidiu checar, talvez tivesse saído.

- Vovó? Não está me ouvindo, Eu preciso ir...Vovó?!- Encontrou-a caída ao chão da cozinha, próxima do fogão desacordada, prostrou-se imediatamente de joelhos ao seus pés.- Oh, meu Deus! Vovó acorda, acorda pelo amor de Deus! Por favor, não me deixe não faça isso comigo.

   A neta tentou reanimá-la sem sucesso, nada a fazia acordar tentou checar sua respiração mas estava tão aflita e desesperada que não conseguia ter certeza de nada. Saiu de perto dela e correu pela vizinhança a procura de ajuda.

- Socorro! Por favor me ajudem minha vó, socorro.

- O que houve, menina Leigh-Anne?- Naia uma curandeira que morava na vizinhança perguntou preocupada

- É minha vó Naia, a pouco a encontrei caída no chão da cozinha não sei o que fazer, ela não acorda, naia me ajude.- A mulher a seguiu para dento.


    Naia adentrou a cozinha acompanhada de alguns homens que haviam ouvido os gritos, a avó foi colocada sobre o sofá, onde a curandeira a examinou e pediu algo para um dos homens ali, Joseph seu filho mais velho, que retornou após alguns minutos com algumas ervas.


- Traga-me uma bacia com água e um pano, Leigh.

- Minha avó está bem?

- Está apenas desacordada e um pouco fraca parece que ela foi atingida pela peste da febre que tem causado uma epidemia por Viena.

- Oh não, ia comprar alguns remédios pra ela, mas o meu pagamento atrasou queria prevenir que a doença se alastrasse, é culpa minha.

- Não culpe-se querida. Vou ajudá-la com minhas ervas, não é muito, mas será o suficiente até que você possa comprar os remédios.

- Serei eternamente grata.- Leigh aproximou-se de sua avó que tinha o pano úmido na mistura sobre a testa e parecia quase desfalecida, pegou em sua mão, desejando com todas as forças que esta acordasse.- Minha querida avó, reaja eu preciso de você.


    Naia se despediu e saiu, a jovem sentou-se na poltrona velando o sono da avó, agora mais que nunca precisava trabalhar, estava decidida a implorar ao novo dono da taverna que lhe desse a oportunidade de continuar a trabalhar lá, nem que fosse para limpar a casa. Pegou um último pedaço de pão e preparou um chá com algumas ervas cidreiras, para servir a sua avó quando acordasse, adormeceu ao seu lado enquanto acariciava seu rosto. "Minha avó amada, daria minha vida a ti se preciso." pensou consigo.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora