Era a noite de estreia do grandioso cabaré intitulado Luxuriu’s por Austin. E se mostrava um sucesso de público, figuras masculinas de alto escalão passavam entre as mesas de apostas e jogatina para arriscar ao pôquer tendo ao fundo boa musica e entretenimento, Leigh-Anne abriu a noite cantando algumas músicas dançantes que muito atraiu os clientes, na mesa central do salão Austin era interpelado pelos senhores a respeito da estrela da noite, seu nome e naturalmente seu preço.
Austin apenas seguia imerso nas notas exasperadas pelos lábios de Leigh, e harmonia com seu corpo correspondia à melodia das músicas, era notável a fascinação em suas pupilas dilatadas e a ferocidade com que respondia as investidas dos cavalheiros, Leigh era um artigo privativo e não tinha preço. Pelo menos não até aquele momento, enquanto ela ainda o despertasse desejo e tivesse total feitiço sobre ele, ela teria que ser exclusividade.
Nos bastidores preparou-se para o segundo ato, nervosa encarou sobre a cama seu novo figurino, pensado especialmente para as danças que seguiriam, a regra era clara; cobrir o corpo com o mínimo de pano possível e deixar-se envolver por melodias sensuais e instigantes, entreter os clientes oferecendo a eles uma grata visão de seus corpos seminus em movimento. Jesy já estava vestida e se ofereceu para ajudar a novata, por mais humilhada que está se sentisse, Jesy era forte e orgulhosa demais para admitir, diferente de Leigh, imaginar-se daquele modo só não seria pior que a concretização de seus pensamentos.
A musica parou, significando que o numero anterior a elas já findara, Jesy respirou fundo e dirigiu-se ao palco, mas Leigh hesitou, sabendo da pressão e do medo pelo qual a jovem amiga passava Jesy entrelaçou sua mão a dela dando-lhe incentivo e juntas passaram para o outro lado da cortina, sobre os fortes holofotes elas se posicionaram em suas marcas e sentadas em grandes cadeiras começaram o espetáculo. Leigh-Anne fizera como Jesy a instruíra e fingindo indiferença dançou, como se aquilo não a ferisse. Estava disposta a dizer a Austin ou a qualquer homem ali presente que não estava de fato vencida.
Austin ajeitou-se em seu lugar sentindo-se desafiado. Os olhos de Leigh eram penetrantes, selvagens, atentos, famintos, mas não era direcionado a ele. Toda aquela ferocidade, fogo e sedução não pertenciam a ele, o que o deixava seriamente frustrado. Procurou o foco da amante, mas encontrou o vazio, todo aquele show desembocava nas mudas paredes daquele lugar, ela negava a ele todo o amor e desejo carnal que uma mulher pudesse dedicar a um homem, desperdiçava suas dádivas e atributos com uma parede inútil. Quando o número acabou, sua fúria e orgulho ferido o guiava a buscá-la nos bastidores.
- Leigh-Anne, preciso falar-lhe neste momento!- Talvez mais tarde, tenho um show a terminar.
- Eu disse que preciso vos falar. – Austin a segurou pelo braço, Jesy se aproximou para impedi-lo, mas Leigh-Anne a interrompeu.
- E eu disse que tem um show a ser terminado, ou quer que esta inauguração naufrague? Quando terminar minhas baladas lentas ao fim da noite o procuro. Agora solte-me, ou queres que faça um escanda-lo?
Leigh-Anne pronunciou as palavras o mais firme que pode e ao contrário do que sempre fazia manteve seus olhos a altura do adversário, ao ver que a soberania de Austin enfraquecia, sorriu nociva, de fato ela agora havia ganhado, se não a guerra, ao menos uma batalha. Jesy contentou-se em sorrir, enquanto seus olhos brilhavam orgulhosos e surpresos, mesmo que por dentro a amiga tremesse, ela sabia que Leigh não recuaria e estava certa. Aos poucos, Leigh-Anne sentiu a pressão ao redor dos braços perder a força, e com a boca ainda rígida, Austin retirou-se de campo, sumindo irritado para além das cortinas.
Leigh suspirou lentamente, expulsando todo ar aprisionado no pulmão.
- Oh, meu Deus! O que foi isso, você enlouqueceu? - Jesy se aproximou perplexa.
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Uma Dama Para Lady Edwards
FanficA Viena do século XIX caminhava para o progresso desatando as amarras da escravidão, com seus heróis aclamados nas altas cortes, enquanto o povo liberto permanecia cativo, seus carrascos agora nomeavam-se fome, medo e desabrigo. A jovem camponesa Le...