Uma Dama Para Lady Edwards

Nascimento e Morte

*Aviso: o capítulo a seguir pode conter gatilhos relacionados a violência, assassinato e suicídio. Tomem cuidado e respeitem seus limites.*
  
                          Boa leitura! ❤️

Leigh-Anne sabia que algo grave estava prestes a acontecer quando Austin ordenou que Draco amarrasse suas mãos para trás. Ao longe próximo a porta do escritório ele dava alguma ordem incompreensível a Edgar, enquanto gesticulava muito com a mão. Por algum motivo Edgar parecia resistente a atender as exigências de Austin, mas pareceu ceder quando o duque lhe estendeu um envelope cheio com uma considerável quantia. Alguns poucos minutos depois Edgar retornou com o rosto coberto por uma espécie de capuz e seu costumeiro e afiado canivete em mãos, cumprimentou Austin rapidamente e seguiu porta afora.

Um pensamento assustador tomou-lhe a cabeça. Perrie estava grávida, como ouvira o Duque comentar meses atrás, por suas contas ela deveria agora estar por volta do final da gestação. Tremeu ao imaginar que a partida de Edgar estivesse conectada a segurança da Lady naquele momento.

Apesar de acostumada aos constantes surtos psicóticos e ataques de raiva daquele homem, a jovem mulher sabia que dessa vez era diferente. Austin parecia um tanto apressado e em desespero, enquanto agrupava documentos do escritório, dinheiro do caixa e itens valiosos do local com a ajuda de Draco. Praguejava e suava, perdera a classe, a compostura e o cinismo. A única coisa que ainda lhe restava era a expressão facial diabólica, esta sim não apenas permanecera como se intensificara.

Leigh tentou questionar o motivo para tanta movimentação, mas foi ignorada e achou por bem não insistir, queria guardar energia por imaginar que precisaria dela mais do que nunca para enfrentar seja lá o que estivesse por vir.

Austin a puxou pela cintura com rispidez em direção ao veículo, jogando-a para o banco da frente. No mesmo momento em que a porta se bateu a mulher desesperou-se ao ver que Perrie encontrava-se no banco de trás semi-desfalecida. Suas pupilas aguçadas iam de um lado para o outro reparando em cada detalhe, se concentrou no volume de sua barriga coberta pela seda branca amarrotada e sua face comprimida em sofreguidão.

Gemia fracamente de olhos semicerrados, não poderia ter certeza se tinha algum sinal de consciência, mas era óbvio que precisaria de cuidados muito em breve, as respirações descompensadas, declaravam que ela estava prestes a parir.

— O que ela faz aqui? A criança pode nascer a qualquer momento!

— Um cadáver nunca pariu um bebê sequer. – A frase ausente de sentimento a angustiou ao ponto de nauseá-la por breve instante.

— Como pode ser ainda mais abominável e vil. Atentar contra vosso próprio sangue! Vosso herdeiro!

— Herdeiro? – Austin questionou em tom irônico – — Herdeiro do que? A única coisa para qual esta imprestável me servia era essa empresa medíocre e nem isto foi capaz de me dar, o que era meu por direito! Para que terei uma criança encostada, indesejada que irá sugar e herdar tudo que deveria ser meu daqui há uns anos, filho de uma mulher suja que dorme com a própria criadagem, se desonra em pecado.

— Quem és tu para condenar algum pecador? Logo tu, que é o diabo em carne, osso e espírito?

Austin emiti um som de desprezo, enquanto faz uma curva brusca e inesperada, rumando para o campo.

— Ao menos não finjo ser quem não sou, vocês se têm em tão alta conta, inocentes, cristãs, vítimas. Quando não passam de duas mulheres diabólicas, que não sabem seus lugares na sociedade, que não obedecem aos preceitos da igreja que tanto cultuam.

— Cultuo a Deus! Não a uma construção de pedras. O que Perrie e eu temos é amor! Amor, Austin. Não obsessão, não possessão...amor simplesmente, mas você jamais saberá o que é isso! Jamais sentirá o que nós... ¬– Austin estaciona o carro e a estapeia antes que a frase seja concluída.