Amarga Verdade

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Estou de volta com um dos capítulos que acredito ser um dos mais esperados por vocês, espero que gostem!

Leigh fechou os olhos, tentando livrar-se das lembranças e da dor de cabeça, o ar cheirava a salsinha e peixe fresco. Na barraca de verduras ao lado Jesy berrava com um dos feirantes a respeito do valor cobrado por um tempero, Leigh esticou um dos braços marcados e cansados pelo peso do sacos que carregavam as compras feitas.

     A discussão encerrou-se sem grandes consequências, Jesy conseguira o que queria pela persistência, mas saiu jurando não retornar a famigerada tenda, ameaçando até passar a frequentar a concorrente, ao ver a amiga retornar, a mulata sentiu-se aliviada.

- Podemos ir, nunca porei os pés nesta tenda novamente, veja que trapaceiro, querendo cobrar- me uma fortuna por estas salsas murchas, patife!

- Vamos então, esta minha dor têm aumentado progressivamente.

- Quando chegarmos farei um chá para você.

- Não creio que dará algum resultado.- Leigh-Anne, falou desacreditada.

- Dará, lhe garanto. Queres aproveitar para visitar sua avó? Ainda temos tempo.

- Não, pelo menos por enquanto. Não estou em condições de encará-la depois do que fiz ontem a noite.- Se fechasse os olhos, ela podia jurar que ainda sentiria as mãos de Austin em sua pele.

- Você não tem culpa do que aconteceu, não se martirize mais.

- Pode ser, mas estas imagens passam o tempo todo em minha mente, eu não consigo esquece-las, não poderia manter uma conversa sã, ou honesta com minha vó, e também é possível que minha irmã venha do convento esta noite. Não estou pronta para seus questionamentos.

- E a respeito de quê a questionaria?

- A respeito de tudo. Em que emprego estou, por que não estou morando em minha casa, minha irmã desconfia de tudo e todos, tem uma personalidade forte, chega a ser um pouco austera.

- Ora vejam! Ponha-a em seu lugar. É por ela que você tem sofrido, mereces respeito, admiração, não repreensão ou desconfiança.

- Ela nunca deve saber o que faço ou porque faço. Quanto mais longe eu puder mante-las de Austin, mais protegidas estarão.

- Tens razão, também procuro manter meu irmão e Jade a salvo.

- E você não vai visitá-los?

- Iria, Jade normalmente aparece as feiras em dias como este, mas hoje não veio. Acredito que deva estar no novo trabalho que arranjou.

   Chegaram a praça da cidade, tudo era bem cuidado e calmo por ali. Leigh olhou para o céu nublado que prenunciava uma tórrida chuva, suspirou e desejou banhar-se naquela água dos céus, como em um segundo batismo, nascimento de nova vida, onde seria livre e pura novamente, sem marcas, manchas ou passado.

Jesy a cutucou forte e sorrindo apontou a catedral no centro do lugar.
  

Havia luz dentro da igreja monumental e muitos senhores e senhoras elegantes amontoavam-se nas laterais da grande entrada, tudo estava enfeitado de rosas brancas e vermelhas, um grupo de musicistas, apareceram organizando-se em um canto, todos sorriam e pareciam ansiosos olhando para dentro com punhados de algo na mão, arroz. Naturalmente um casamento. A valsa lenta passou a tocar, melodiosa e melancólica, uma moça surgiu segurando uma pequena cestas com flores.

- Veja! – Jesy cravou as unhas na pele negra, que avermelhou no mesmo instante.- Aquela ali com a cestas de flores, é Jade. É linda não, é? Quem estará se casando?

   Leigh-Anne, observou Jade superficialmente, era diferente do que havia imaginado, mas de fato era bonita. Acenou para Jesy com um sorriso, compreensivo, depois voltou-se para frente em menção de ir embora, mas ao olhar para trás verificou que  Jesy não a seguia, parada ali tentava ansiosamente acenar a amada, prestes a desistir, teve retorno e retribuiu com um beijo no ar, ao qual a florista respondeu prontamente com um sorriso terno, mais alguns convidados saíram.

Jade afastou-se para dar lugar a um casal, Lord e Lady Edwards. O coração de Leigh parou. Os velhos patrões se juntaram a multidão de convivas apanhando eles próprios também um pouco de arroz, seus olhos lacrimejaram, antes mesmo que ela pudesse controlar, o coração acelerado prenunciava o pior. Por detrás do borrão molhado, vislumbrou dois vultos, um negro o outro branco.

  As pálpebras se fecharam expulsando o sentimento intruso por breve instante, abrindo-se novamente. Agora com a visão mais clara, o rosto amado brilhava sob o sol encoberto pelas nuvens negras, debaixo do véu transparente, era quase que imaculada, e inalcançável.
Não conseguia em meio a chuva de arroz, saber se ela sorria ou não, enquanto isso o noivo cobria-se da enxurrada de grãos. Espantada, Jesy localizou a mulata, ao identificar ela  também, a identidade da noiva, Leigh-Anne assistia a tudo como uma estátua petrificada, Jesy aproximou-se tocando sua mão.

- Vamos sair daqui, venha.

- Espere, eu ainda não terminei. Quero saber quem será o infeliz.- Com os braços rijos, Leigh-Anne não se moveu.

- Não se machuque mais, não há o que terminar.

    O noivo virou-se finalmente, revelando seu rosto. Austin sorriu para Perrie e a beijou. Leigh-anne, podia sentir cada pequena veia de seu corpo contrair-se, e um vaziou enorme a engoliu.

- Não pode ser verdade...
 
          

Eles se afastaram, Perrie sentiu em seus lábios um misto de amargo e velho, alguns grãos de arroz caíram em sua boca durante o beijo. Austin gritava e acenava aos convidados, como um rei acena a seus súditos, seu excesso de confiança chegava a ser intimidador e caricato. Perrie sentiu-se envolver por braços fortes, abraçando lhe pelas costas, virou-se achando o pai ali, retribuiu o abraço pousando a cabeça no ombro Paterno, enquanto ouvia os votos de felicidade do Lord, notou ao lado da mãe, uma Jade inquieta.

        Atenta a praça matriz da cidadela, parecia espreitar algo, confusa. Instintivamente Perrie seguiu o mesmo ponto de vista. Na praça duas moças discutiam, uma delas um pouco mais corpulenta, com longos e volumosos cabelos castanhos, parecia discutir com outra moça, soube pelo vestido, já que a primeira tampava o rosto desta. O abraço se desfez, e o pai beijou-lhe a fronte, Perrie fez uma breve saudação e seguiu caminho antes que outro convidado a interpelasse, passou pela mãe e posicionou-se ao lado da dama amiga.

- Jade, está tudo bem?- Jade a olhou umas duas vezes, antes de voltar a encarar a praça.

- Creio, ou melhor espero que esteja.

- O que há com aquelas duas mulheres? – Perrie olhou novamente, desta vez a primeira moça, estava a frente da segunda ainda impedindo-lhe o conhecimento do rosto.

- Não sei ao certo, não conheço a outra moça, mas aquela é Jesy.

- Qual delas?- Perrie falou em tom curioso, o espetáculo de uma possível briga parecia mais interessante, que apreciar os beijos amargos do marido.
- Com os cabelos castanhos.

     Neste momento Jesy, virou a cabeça despedindo-se de Jade com um adeus breve, Perrie teve a impressão de que os olhos verdes a encararam com certa desconfiança, ciúmes talvez. Saiu arrastando a outra moça, só então Perrie pode ver o segundo rosto, as pálpebras levantaram-se de espanto, ao ver que Leigh-Anne era a misteriosa dama. Perrie andou ainda mais a frente, até que fosse encurralada pelos limites do pátio da igreja, Leigh parecia ser arrastada pela morena, então virou o rosto para trás, os olhos negros encontraram os azuis nupciais, carregados de mágoa e raiva. Perrie sentiu uma adaga rasgar-lhe a garganta, Leigh-Anne nunca a olhara daquela forma, com tamanho ódio. Um olhar mais amargo que qualquer beijo de Austin, jamais poderia lhe proporcionar.
 

É isso , verdades finalmente sendo reveladas... Não esqueçam de votar pessoal é muito importante pra divulgação da história, e me deixem saber o que estão achando da história pelos comentários, amo vocês! ❤

                            Mil beijos! 😘

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora